por Rafael Emiliano
Superação. Essa pode ser a palavra que melhor define o elenco do São Paulo após a conquista da Copa do Brasil. Não são raras as histórias de jogadores tricolores que, com o título do principal, mata-mata nacional, superaram dificuldades pessoais para poderem dar a volta olímpica. Mas talvez nenhum deles tenha uma trajetória tão marcante quato a do agora volante Alisson.
O agorsa camisa 25 ficou quase quatro meses afastado do São Paulo entre o final do ano passado e início deste. Primeiro, por conta de dores crônicas no joelho.
Depois, contudo, viveu um drama pessoal. Alisson chegou a se reapresentar normalmente na pré-temporada, participou de um jogo-treino do Tricolor e caminhava com vaga garantida pelo menos como peça de segundo tempo. Até que veio a estreia no ano ante o Ituano, já pelo Paulistão.
Primeiro, o clube informou que o jogador teve uma indisposição. Mas já no jogo seguinte foi informado o problema pessoal grave pelo qual o camisa 7 passava. E seu afastamento dos trabalhos por tempo indeterminado.
A volta aos trabalhos aconteceu apenas no dia 11 de fevereiro, após conversa do jogador com o então técnico são-paulino, Rogério Ceni. A volta de vez aos gramados aconteceu somente no dia 21 daquele mês, em vitória sobre o São Bento, em Sorocaba (SP), pelo Campeonato Paulista.
Pela primeira vez desde então Alisson falou abertamente sobre os problemas particulares que enfrentou. Em entrevista ao portal 'Globo Esporte', o jogador confirmou as apurações da época que apontavam para um quadro de depressão. E explicou a gravidade do que viveu.
"Momentos muito difíceis, momentos que passava pela minha cabeça em tirar minha vida. Foi um momento muito complicado, falei com o grupo depois do título (da Copa do Brasil)", disse o camisa 25.
Alisson contou, em detalhes, quando começou a sentir que estava doente.
"Volta no ano passado, na final da Sul-Americana, eu machuco a coxa. Você perde o título, e eu não queria ficar fora dos jogos. Volto contra o América-MG, faço até o gol da vitória, mas em um treino, além da coxa, sinto uma dor no tendão", lembrou.
"Com a comissão, a gente tenta fazer de tudo para ficar bom, e é a primeira vez que fico fora de um final de temporada. Deram um voto de confiança, eu dei minha palavra que voltaria, e minhas férias foram uma loucura", completou.
O jogador detalhou um dos momentos que considerou mais complicados.
"Foi um momento em que me cobrei muito por terem dado esse voto de confiança. Minha esposa até falava para eu não me cobrar tanto, para descansar. Em um amistoso aqui um dia (contra o Guarani, na pré-temporada, quando inclusive aparece em fotos ao lado do gilho divulgadas pelo clube), eu chego em casa, minha mente parece que dá uma travada. Eu ligo para o Rui (Costa, executivo de futebol) e falo: "Eu não quero mais jogar futebol, não quero mais aparecer no clube, quero me afastar e não quero receber um real de vocês. Só quero largar tudo isso que estou fazendo",completou.
Alisson conta que não conseguia mais ver partidas de futebol.
"Quando eu via, me dava uma crise muito forte, meu coração começava disparar, minha mente travava e eu não queria sair do quarto, sair para nada", disse.
O jogador teve a esposa, principalmente, como apoio durante o período.
"Minha esposa passou por uma depressão e ela foi minha grande ajuda, que não deixou eu em nenhum momento ficar me isolando. Tenho uma gratidão pela minha esposa, meu filho que passou isso comigo, agradecer meus pais que mesmo de longe me ligavam sempre e as pessoas próximas de mim, empresário, jogadores. O São Paulo, com a psicóloga... Hoje, vivenciar esse momento... Eu nem imaginava jogar futebol. Eu só tenho que agradecer às pessoas por ter dado a volta por cima", concluiu.
E haja volta por cima a Alisson. O jogador superou a doença, foi aproveitado em uma nova função, recuado para atuar de volante, e virou um nome de absoluta confiança do técnico Dorival Júnior no time titular.
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