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Dorival deixa decisão sobre Pato com diretoria, mas avisa: só joga se estiver em condições

Pato comemora gol contra o Santos, no Brasileirão (Rubens Chiri/SPFC)

por Rafael Emiliano

Alexandre Pato ficará no São Paulo em 2024? Essa é a pergunta que o técnico Dorival Júnior não quer responder. Para isso, conforme o AMT apurou, o comandante tricolor jogou a responsabilidade para a diretoria. Se quiserem a permanência do atacante, que assim seja. Mas o recado foi dado: ele só jogará se estiver em condições...

Pato está longe de cativar Dorival com a sua condição física atual. Ficou de fora de quatro dos últimos cinco jogos do clube. Incluindo os dois jogos decisivos contra o Flamengo pela Copa do Brasil.

À reportagem, fontes do CT da Barra Funda apontam que o treinador dificilmente acredita que o atacante estará na melhor das condições até o fim do seu atual contrato, no final do ano.

"Eu não costumo falar individualmente de jogadores. É uma disputa normal e natural entre todos. Eles foram contratados com esse objetivo. Naturalmente, nós temos um 

respeito muito grande pelo histórico de cada um deles — e não poderia ser diferente. Mas é uma disputa saudável dentro de um grupo de trabalho. Eu prefiro falar a partir do momento em que eles estejam em campo, brigando por suas posições e tentando uma manutenção na equipe. Eu vejo jogadores de muito bom nível", desconversou Dorival após a derrota por 2 a 1 para o Fortaleza, em 21 de setembro, no Morumbi.

"O Alexandre vem de uma lesão muito séria que o tirou dos campos por um bom tempo. Então, eu acho que  nós temos que ter um pouco de paciência e de entendimento de que eles não voltarão a ser aquilo que já foram em um momento 

se não alcançarem uma sequência. Para que essa sequência possa acontecer, é natural que tenhamos que tê-los na melhor condição possível, e é isso que nós estamos tentando fazer. Primeiro, que eles busquem as suas melhores condições, para depois, sim, eles próprios adquiram uma ótima condição dentro do grupo.  Mas, neste momento, eu tenho que vislumbrar as possibilidades de todos os jogadores  que estão no elenco, e estou tentando fazê-lo  da melhor forma possível, adaptando cada um 

deles a uma possibilidade de poderem estar presentes em algumas partidas", completou o treinador.

Pato foi anunciado pelo São Paulo no final de abril. Sua terceira passagem pelo Tricolor começou no momento em que o ex-treinador Rogério Ceni foi demitido. Ao chegar, Dorival foi questionado sobre a possibilidade de contar com o jogador. Deu o seu aval. E assim foi feito o contrato de risco, com salário muito abaixo dos padrões a que o jogador está acostumado e com cláusulas de produtividade que não envolvem uma renovação automática. Desde então, foram dez partidas disputadas, com dois gols marcados.

Ceni e Pato no Reffis em fevereiro: trato frio entre as partes (Rubens Chiri/SPFC)

TRAJETÓRIA TEM ENREDO DE NOVELA

Tão logo Pato rescindiu o contrato com o Orlando City, dos EUA, em setembro, seu nome passou a ser cogitado no Morumbi. Mas pelos lados tricolores as prioridades eram outras.

Pudera… O time do então técnico Rogério Ceni juntava os cacos após a perda da final da Copa Sul-Americana. E a diretoria tomara a decisão de entregar parte da chave do comando do clube ao treinador. Ninguém mais chegaria sem seu aval. E então a união estável que parecia fadada a ser reativada foi adiada em um primeiro momento.

Pato, que sempre teve como objetivo voltar ao Tricolor, entendeu dois pontos: teria que driblar Rogério Ceni para cavar seu retorno e também mostrar que estava em ampla recuperação da cirurgia feita para reconstruir o ligamento cruzado anterior do joelho direito.

Para alcançar os dois objetivos, o atacante, depois de recusar propostas de equipes como Santos, Fluminense e Cuiabá, decidiu no início de fevreiro a pedir ao presidente Julio Casares, de quem é próximo, para se recuperar no Reffis. Foi um movimento ousado. O uso das instalações são-paulinas ocorreu diante de um dos piores períodos do clube do Morumbi quando o tema em pauta era o grande número de jogadores contundidos.

Mesmo assim, a chegada de Pato ao cotidiano do São Paulo criou duas realidades distintas. No cotidiano do CT da Barra Funda, a recepção fria de Ceni que já era esperada se concretizou. Mas valia ao atacante de 33 anos os outros lados da equação: proximidade com os líderes do elenco, de quem se tornou amigo, e a associação de seu nome ao Tricolor, cativando na imprensa e torcida a pergunta que soa óbvia: quando afinal ele seria anunciado?

A reação veio mais rápido do que o esperado: dias após sua chegada, Casares enfrentou microfones de jornalistas cariocas na sede da CBF que, sem tanta familiaridade com as questões do clube, abdicaram de perguntas sobre outros temas em voga, como a parceria com o Palmeiras e atrasos nos direitos de imagem, para focarem em Pato. Ponto para o atacante.

Se Pato seguiu fora das reuniões entre Ceni e diretoria por todo 2022, em março, o assunto foi levado à mesa pela primeira vez, de olho na possibilidade de inscrição de jogadores para a fase final do Paulistão e o elenco sem os centroavanates Calleri e Erison, contundidos. Categórico, o ex-goleiro foi taxativo em afirmar que via as questões físicas do ex-companheiro de time como um impeditivo à sua contratação. Ou seja, ele custaria caro e demoraria a entrar no nível do restante do elenco. Valores e tempo de vínculo falados nesse encontro, contudo, permanecem guardados até hoje.

O pior então aconteceu: o São Paulo acabou eliminado do Estadual nos pênaltis para o Água Santa em um dos maiores vexames de sua história. E então Pato deu um movimento ousado, procurou Casares por conta própria e se colocou à disposição para reforçar o clube por um contrato de produtividade.

A informação vazou nos corredores do Morumbi e foi o suficiente para que Henrique Gomes, o Baby, presidente da Torcida Independente, principal organizada do clube, postasse pedido pela contratação do veterano em suas redes sociais.

O assunto acabou superado no interesse do torcedor em outras bombas que caíram no Tricolor no período (caso Pedrinho, treta Ceni x Marcos Paulo) e a própria diretoria seguiu sem tempo hábil para conversar com seu treinador sobre Pato e resolver problemas de relacionamento do elenco com ele ao mesmo tempo.

Mas ficou na cabeça dos dirigentes a imagem de um Pato cooperativo durante os episódios, que conversou com os atletas protagonistas das polêmicas, passou confiança aos mais jovens, mais participativo, enfim, mesmo sem nenhum vínculo formal com o clube.

Foi a deixa para a contratação ser selada. Restava convencer Ceni. Literalmente no passado, já que os cartolas esperavam apenas o sim de Dorival Júnior para demitir o ex-goleiro. Isso fez o então técnico tratar o assunto com extrema frieza em sua última entrevista no comando do São Paulo.

Com o novo comandante sim, o debate sobre Pato foi aberto. Dorival foi consultado de imediato sobre o jogador e deu o seu aval, que só não aconteceu no fim da segunda janela de transferências do futebol brasileiro, no fim de abril porque os médicos decobriram que o atacante precisava de mais 60 dias para se recuperar por completo da contusão.

Pato e Dorival possuem um trato bem próximo. É normal que o técnico passe um tempo conversando com o jogador, mesmo durante os treinos. É um tipo de experiencia que o comandante são-paulino espera ter dentro do plantel.

"!Minha volta é de muita responsabilidade. Não adianta ter amor e não cumprir seu papel. Minha dedicação e entrega vai existir. Saio do Corinthians de forma conturbada, o São Paulo me abraça e tudo dá certo, mas tinha o Cruzeiro (campeão Brasileiro de 2014). Sempre entendi que tudo o que eu precisava o São Paulo me deu. Eu devo algo a mais do que o São Paulo deu pra mim. Me sinto em casa aqui. O amor pelo São Paulo sempre vai existir", prometeu o atacante na sua apresentação oficial.

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