RAFAEL EMILIANO
@rafaelemilianoo
O presidente do Conselho Deliberativo do São Paulo, Olten Ayres de Abreu Júnior, agendou para o dia 8 de dezembro (sexta-feira) a eleição do novo mandatário do Tricolor pelos 260 conselheiros do clube.
A votação, que acontece das 17h30 às 22h (ambas de Brasília), no salão nobre do Morumbi, deverá ser uma mera formalidade para ratificar a reeleição de Julio Casares para um novo mandato de três anos no posto máximo do clube.
Casares obteve uma vitória acachapante nas eleições para o principal órgão diretivo do Tricolor no último sábado (25).
Conforme o previsto, a vitória de Casares foi por goleada e praticamente varreu a oposição do mapa político são-paulino: sua chapa (a Juntos pelo São Paulo) elegeu nada menos que 88 conselheiros, ante 12 dos adversários (Salve o Tricolor Paulista).
Conforme o AVANTE MEU TRICOLOR revelou no início do mês, uma coalizão formada principalmente pelos outros 160 conselheiros vitalícios deve impedir a oposição de inscrever até mesmo um nome para concorrer com Casares, que está maticamente reeleito para mais um mandato com a lavada aplicada.
COMO FUNCIONA O PROCESSO ELEITORAL DO SÃO PAULO? ENTENDA TUDO COM O AVANTE MEU TRICOLOR
QUANTOS CANDIDATOS POSSUI A ELEIÇÃO PARA O CONSELHO?
A eleição conta com um total de 249 candidatos, sendo 143 da chapa de situação, chamada "Juntos pelo São Paulo, e 106 da oposição, denominada "Salve o Tricolor Paulista". O nome dos pleiteantes já foi divulgado no site oficial do clube.
Segundo o estatuto, para se candidatar, o postulante precisa:
- ser maior de idade
- ter oito anos como associado
- estar em dia com as mensalidades
- não ter sofrido penalidades administrativas de algum órgão do clube nos últimos quatro anos
- não ter sido condenado com trânsito em julgado por crime de natureza dolosa nos últimos dez anos
- comprovadamente não ser torcedor ou ter qualquer tipo de vínculo com outra agremiação esportiva (bastante dúbio, esse item costuma ser ignorado quando se trata de clubes que não possuem futebol profissional em seus quadros, como Pinheiros ou Paulistano, mesmo com o item não especificando a questão)
COMO É FEITA A ESCOLHA PELOS SÓCIOS?
A eleição no São Paulo foge um pouco dos parâmetros habituais a que estamos acostumados. Cada sócio entrega uma lista com 20 nomes, não sendo obrigatório que todos sejam da mesma chapa.
COMO OS CONSELHEIROS SÃO ELEITOS?
Contabilizado os votos, são eleitos os 75 nomes mais votados. As outras 25 vagas são preenchidas pelos candidatos com matrícula de sócio mais antiga que tenham recebido pelo menos 1% de votos válidos, sendo respeitada ainda a mesma proporcionalidade dos candidatos eleitos por cada chapa.
Segundo conselheiros e especialistas em São Paulo ouvidos pelo AVANTE MEU TRICOLOR, a cláusula funciona como uma espécie de barreira para impedir a entrada de algum aventureiro e dá maiores chances a sócios mais antigos do clube de integrar o órgão que define as diretrizes do Tricolor.
TÁ, E A ELEIÇÃO PARA PRESIDENTE?
Ela acontece no mês seguinte à eleição dos 100 novos conselheiros que se juntarão aos 160 vitalícios. Somente eles é que votam para eleger o presidente são-paulino.
E novamente há barreiras. Uma chapa para concorrer ao pleito a mandatário máximo do Tricolor precisa da assinatura de 105 conselheiros. Por isso, com Casares contando com apoio maciço dos vitalícios e expectativa de formar ampla base aliada, vive a expectativa da oposição sequer conseguir um nome para concorrer na disputa.
Matematicamente, a menos que a oposição consiga eleger a maioria absoluta na eleição do próximo dia 23, Casares será reeleito por aclamação.
QUEM FISCALIZA O PROCESSO?
Uma comissão estatutariamente definida é formada por fiscalizar as votações e aclamar os vencedores. Casares formou o grupo no último dia 5. Ele é composto atualmente pelo ex-presidente do Conselho Deliberativo Marcelo Pupo Barboza, o atual diretor adjunto de futebol, Nélson Marques Ferreira, e pelo conselheiro vitalício José Alberto Rodrigues dos Santos.
Após a eleição para o Conselho, quatro novos nomes integram o grupo: um representante e um suplente de cada uma das duas chapas. Tradicionalmente, os grupos políticos do Tricolor indicam os nomes mais votados para a função.
HISTÓRIA
Eleições de presidentes por aclamação não é novidade na história são-paulina. Nos primórdios, os nomes eram escolhidos anteriormente em reuniões e apenas oficializados, sem eleições.
Nos aos 1960, Laudo Natel, maior nome da história política do clube, foi reeleito duas vezes sem que houvesse um concorrente.
Recentemente, dois nomes ganharam as eleições sem concorrentes. Em 1996, Fernando José Casal de Rey foi reeleito por aclamação. Em 2014, Carlos Miguel Aidar até tinha adversário, mas Kalil Rocha Abdalla, em uma chapa composta também por Marco Aurélio Cunha como vice, tirou a candidatora horas antes da eleição.
Desde a fundação do São Paulo, em 1930, apenas três vezes um candidato puramente de oposição, sem vínculos com a gestão anterior, venceu a disputa.
Em 1984, Carlos Miguel Aidar conseguiu impedir a reeleição de José Douglas Dallora. E em 2002 foi Marcelo Portugal Gouvêa quem venceu Paulo Amaral, que também tentava novo mandato.
O caso mais polêmico, contudo, veio em 1990. Em um dos momentos de maior crise política interna do Tricolor, Antônio Leme Nunes Galvão venceu Juvenal Juvêncio, que buscava a reeleição. Mas ao perder considerável apoio no Conselho nos dias seguintes, o famoso banqueiro acabou renunciando junto de toda sua chapa, abrindo espaço para o então presidente do órgão, José Eduardo Mesquita Pimenta, considerado neutro, assumir como mandatário, apaziguar os ânimos e guiar o São Paulo ao período mais vitorioso de sua história.
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