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OPINIÃO: Ranking caça-cliques de portal não evidencia o real 'custo São Paulo' em 2023

 

ALEXANDRE GIESBRECHT*
Autor convidado
@jogosspfc


No início desta semana, o 'Lance!' publicou um ranking, elaborado em parceria com a Pluri Consultoria, em que supostamente são comparados os custos para montagem dos 20 elencos da Série A do Campeonato Brasileiro.


Nele, o São Paulo figuraria na décima posição, com um investimento de R$ 87 milhões, cerca de um nono do que o Flamengo teria investido. O portal reconhece que não estão incluídos salários nesses custos, mas destaca que jogadores como James Rodríguez e Lucas Moura foram contratados “sem custos” pelo Tricolor, demonstrando que também ignoraram valores pago como luvas na conta.


Na verdade, esse tipo de ranking não tem utilidade alguma como comparação, pois, além de ignorar luvas, salários e comissões, também não traz dados confiáveis, já que mesmo taxas de transferência não são públicas. O número apresentado pelo portal é de R$ 87 milhões, mas uma pesquisa feita pelo ANOTAÇÕES TRICOLORES com base em notícias dos principais veículos sobre as contratações de jogadores que compõem o elenco deu R$ 69,5 milhões, entre taxas de transferência e valores pagos por empréstimos. Há três atletas, porém, cujos valores não apareceram na pesquisa: Ferraresi, Jandrei e Michel Araujo. Isso sem falar em jogadores oriundos da base, mas pelos quais o Tricolor pagou taxa de transferência, caso de Juan, por exemplo.


Há casos que chamam a atenção, por não fazerem parte da conta, como o de Gabriel Neves, que recebeu um valor estimado em até dois milhões de dólares (R$ 9,7 milhões) como luvas, sendo US$ 300 mil logo na contratação — valor confirmado pelo diretor de futebol Carlos Belmonte Sobrinho em entrevista ao 'Canal do Nicola' na época — e outro de até 1,7 milhão de dólares, que estava supostamente estipulado em seu contrato em caso de renovação, mas, segundo a 'Goal Brasil', estaria sendo negociado pelo clube.


Diante de tantas incertezas, é inevitável que o ranking seja bastante impreciso, mas a falta da informação de salários e luvas também atrapalha qualquer comparativo. James e Lucas são bons exemplos disso, pois seus salários estão entre os mais altos do elenco, mas, para efeito da tabela em questão, tiveram o exato mesmo custo que Pedro Vilhena, que recebe vencimentos consideravelmente menores. Da mesma maneira, Raí Ramos, com taxa de transferência estimada em trezentos mil reais, custou mais que os dois reforços de peso trazidos no segundo semestre, embora também receba mensalmente um salário baixo para os padrões do clube.


É claro que, devido à falta de transparência na maior parte dos clubes, não é fácil montar um ranking desses, e talvez nem seja possível, dada a escassez de informações precisas. Utilizar informações parciais pode até ser válido, mas o leitor precisa ser informado sobre o que exatamente está lendo, com os critérios usados, as fontes dos dados e, preferencialmente, valores discriminados por jogador. Assim, a informação seria mais confiável, ainda que não exatamente útil, e a matéria não precisaria ser encarada como um mero caça-cliques.


*Alexandre Giesbrecht é notoriamente um dos maiores pesquisadores sobre o São Paulo Futebol Clube. Autor de 4 livros sobre história do futebol. Pai, filho, neto e bisneto de são-paulinos. É autor do ANOTAÇÕES TRICOLORES, um projeto independente que oferece uma completa e organizada cobertura do dia a dia do São Paulo, por meio de PDFs diários em formato de revista, com notícias, estatística, história e opinião. Os planos de assinatura com direito ao conteúdo custam a partir de R$ 23 mensais. Novos assinantes ganham brindes como as edições dos títulos paulista de 2021 e da Copa do Brasil de 2023, além da cobertura completa da Copa do Mundo de 2022. Apoie o ANOTAÇÕES clicando aqui.


**A opinião do autor não reflete, necessariamente, a opinião do AVANTE MEU TRICOLOR






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