@rafaelemilianoo
No curto período em que comandou a pré-temporada do São Paulo, o atual técnico da Seleção Brasileira, Dorival Júnior, fez algumas reuniões individuais com jogadores. E um dos que passaram por sua sala no CT da Barra Funda foi Nikão. No dia 6 de janeiro, quando o Tricolor se reapresentava para a temporada atual, o cenário era de um meia-atacante que voltava de um empréstimo apagado do Cruzeiro, que não exerceu sua preferência de compra. E o objetivo era traçar de vez um destino para o ex-camisa 10, contratado a peso de ouro junto ao Athletico-PR dois anos antes e então visto com desconfiança interna pela diretoria.
Nos pouco mais de 25 minutos de conversa, o treinador se surpreendeu com o que ouviu. Encontrou um Nikão motivado e que pediu uma segunda oportunidade. Problemas de saúde de familiares resolvidos, cabeça no lugar. O próprio meia-atacante explanou alguns dos motivos que dificultaram sua adaptação em 2022. Mas que desta vez havia a ambição de ser mais participativo junto ao grupo, mais comunicativo, mais colaborativo taticamente.
Ouvir do próprio Nikão o que ele queria da vida se tornou essencial para Dorival. Naquele momento, havia uma cisma entre diretoria e estafe do jogador. Botafogo e o próprio Athletico, onde ele segue idolatrado, haviam procurado o São Paulo. Queriam o empréstimo do meia-atacante. Mas o clube do Morumbi bateu o pé: cederia Nikão, desde que o contrato, que acaba no final deste ano, fosse prorrogado pelo período em que ele ficaria cedido. Condição que desagradou o empresário.
Havia dúvidas sobre uma suposta insatisfação de Nikão. E as respostas dadas a Dorival sacramentaram a decisão, passada a Thiago Carpini, de reintegrar o jogador.
O atual técnico são-paulino recebeu informações preliminares nas reuniões de transição, mas se surpreendeu novamente com o que viu no cotidiano de trabalhos: Nikão rendeu bem em todas as variáveis táticas treinadas. E se tornou opção certa para o segundo tempo, seja para alternâncias de jogo dentro de campo, seja para manter o ritmo de um companheiro cansado.
A confiança de Carpini ficou exemplificada nos dois jogos do São Paulo até aqui na temporada. Em Mirassol, Nikão entrou em campo no segundo tempo. Em ambas foi citado nominalmente na entrevista pós-jogo. Na última, com grandiosos elogios. Justos, sejamos sinceros.
No empate em 1 a 1 com o Mirassol, fora de casa, na terça-feira (23), Nikão atuou por 33 minutos. E o rendimento fez o mais cético dos tricolores criar um fio de esperança no meia-atacante: acertou 86% dos passes (12 de 14), teve uma finalização, uma grande oportunidade criada, uma interceptação e, pasmem, três chances de gols criadas.
São números consistentes. Maiores que os apresentados por Nikão nos seus últimos seis jogos somados pelo Cruzeiro na reta final do último Campeonato Brasileiro. E que justifica os elogios públicos de Carpini no interior. Resta saber agora se a motivação veio para ficar. E quem sabe, fazer os são-paulinos torcerem pela renovação do contrato no final da temporada.
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