@rafaelemilinoo
Thiago Carpini pelo menos foi honesto. Seja na sua apresentação oficial ou nas entrevistas concedidas desde então, o jovem técnico de 39 anos, que tem no São Paulo a sua primeira experiência em uma equipe de primeira divisão, admitiu duas coisas: que haveria muito pouco tempo hábil de buscar inovações, digamos, autorais. E que reconhecia como exemplar o que vinha sendo executado pelo seu antecessor, Dorival Júnior, hoje na Seleção Brasileira.
Ou seja, não seria neste sábado (20), que os tricolores viriam de fato uma equipe propriamente 'carpinista'. Muito pelo contrário. Cumprindo as expectativas, o novo comandante se utilizou justamente da herança 'dorivariana' para montar pela primeira vez o seu São Paulo.
E, apesar de uma apresentação longe de ser brilhante ou ao menos determinante, foi o suficiente para o Tricolor vencer o Santo André por 3 a 1, em noite chuvosa no MorumBIS, no dia inaugural do Campeonato Paulista.
Era uma noite especial não só para Carpini. Haviam holofotes também para a nova camisa, também uma estreante da noite. O seu estádio com naming rights, outra novidade. Isso sem contar os retornos de Calleri e Igor Vinícius, de volta ao batente após ficarem, como o lateral, um ano afastados por contusão.
Todos esses ingredientes juntos já garantiriam a motivação necessária para vencer o frágil time do ABC. Que luta para conseguir aquilo que Carpini tem sobrando: entrosamento. E essa foi a aposta do treinador para sua grande noite: manteve a habitual base encaixada por Dorival, deixando os quatro reforços no banco de reservas e abandonando algumas ideias treinadas nesse curto tempo de CT da Barra Funda.
Iniciado o jogo, a impressão era de que nem precisaria tanto. Logo aos 2 minutos, Lucas entrou driblando na área, levou o choque de Walce (sim, formado e que estava no clube até no ano passado) e a arbitragem marcou pênalti. Outros seis longos minutos foram necessários para a cobrança do próprio camisa 7, que bateu forte no canto direito do goleiro e abriu o placar.
A facilidade que se desenhava, contudo, não de ser ilusória por um tempo. E o castigo sairia caro. Afinal pelo lado andreense também havia um treinador. Que muito provavelmente já se precaveu aguardando o 'dorivalball' que se desenhava.
Batata. O estilo do velho treinador se manteve, mantendo a posse de bola e apostando em eventuais buracos que aparecessem para acontecer uma penetração na área, uma quebra de linhas...
Pois é, não rolou....o Santo André preencheu o meio-campo, dominou as ações. E, para piorar, (ao São paulo, claro), foram eles quem conseguiram encontrar a brecha.
Aos 22, a defesa espirrou uma bola. O lateral Zé Mateus conseguiu dominar a bola e cruzar livre, sem a pressão de Welington, para o veterano Cléo Silva, livre entre a dupla de zaga, subir e empatar o jogo.
A partir daí seria só o Santo André manter seu padrão de jogo para, quem sabe, sair da casa tricolor com algum ponto. Mas Carpini sabe, mais do que ninguém na força individual de seus jogadores. Dois deles precisamente. E o lance trabalhado aconteceu aos 38. Lucas saiu costurando a marcação e deu passe na medida para Luciano, no único espaço possível, dominar e chutar para fazer o segundo tento são-paulino.
Fim da ousadia andreense. Os jogadores do ABC ainda juntavam os cacos quando, aos 41, Wellington Rato cobrou escanteio perfeito na cabeça de Diego Costa para sacramentar o 3 a 1.
Com o resultado garantido, ante um adversário que não apresentava ânimo para fazer qualquer coisa, restou a Carpíni enfim dar as suas tintas no time. Atendeu os anseios da torcida e colocou em campo três reforços: Erick, Ferreirinha e Luiz Gustavo. Dos dois primeiros a torcida viu o que se espera: jogadas ariscas e muito poder de ataque. Há futuro ai...
Também há futuro em Galoppo, mais um dos contundidos de 2023 que reapareceu, mostrando que, quando precisar, Carpini tem material humano de sobra para montar esse São Paulo da forma como lhe convém.
Com os primeiros três pontos do ano no Grupo D, o Tricolor continua sua caminhada na terça-feira (23), às 19h30 (de Brasília), contra o Mirassol, fora de casa.
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