Elenco são-paulino conta com nomes que torcem pelo clube (Foto: Montagem AMT) |
MARCIO MONTEIRO
@Marcio_oretorno
O São Paulo enfim encerrou uma longa negociação com o Grêmio para contratar o atacante Ferreirinha, anunciado como reforço nesta terça-feira (9). Apesar dos imbróglios burocráticos, o time do Morumbi sempre esteve bastante confiante na conclusão do trâmite por um motivo: a torcida e vontade do jogador de defender o Tricolor.
Ferreirinha nunca escondeu ser são-paulino, e sua chegada ao clube evidenciou isso. Em seu anúncio pelo São Paulo, foram mostradas imagens de seu aniversário na infância, com decoração totalmente personalizada do Tricolor.
Mas esta não é a primeira vez que o São Paulo se apega no fator sentimental para concretizar uma negociação. Dois nomes do atual elenco também foram atraídos por seu amor ao Tricolor: Rafinha e Lucas Moura.
O experiente lateral direito também é torcedor são-paulino de infância e ainda não tinha jogado por seu clube de coração. O Tricolor viu a oportunidade de mercado no final de 2021, contou com o grande desejo do jogador e acertou contrato com Rafinha, que irá encerrar sua carreira pelo São Paulo no final deste ano.
Com Lucas Moura, a situação foi parecida. O jogador vivia indefinição sobre qual seria seu próximo destino, na metade de 2023, e a chance de voltar ao Brasil era pequena. Porém, os efusivos pedidos da torcida pelas redes sociais, além da insistência do São Paulo sobre o meia-atacante, apelando para o fator sentimental, da idolatria do jogador e com promessas de glórias. Deu certo. Lucas voltou, arrebentou e foi campeão da Copa do Brasil.
Mas a ‘tradição’ do São Paulo em atrair ‘jogadores torcedores’ vem de longe. No final dos anos 90, mais precisamente em 1998, o clube tentava repatriar um de seus maiores ídolos da história, Raí, que havia saído para o PSG, da França.
O Tricolor fez um grande esforço para repatriar seu histórico camisa 10 e conseguiu trazer Raí de volta, justamente para uma decisão, do Paulistão 98, contra o Corinthians. O meia jogou o duelo final, foi decisivo com um gol e campeão logo em seu retorno.
Em 2014, mesmo que por um breve período, outro grande ídolo voltou ao São Paulo. Já aos 32 anos, depois de sua segunda passagem pelo Milan, Kaká decidiu encerrar a carreira nos Estados Unidos, mas antes achou uma brecha de seis meses para retornar ao Tricolor.
Kaká, já com um estilo de organizador do time, foi bem no curto tempo que teve e ajudou o São Paulo a terminar o Brasileirão 2014 na vice-liderança.
Kaká teve boa passagem em 2014 (Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net) |
Posteriormente, em 2017, foi a vez do São Paulo apelar em momento difícil para outro ídolo, o Profeta Hernanes. O meia, que já revelou inclusive que na infância torcia para o Vasco, mas depois se tornou são-paulino por tudo que viveu no clube, estava na China enquanto o Tricolor passava apuros no Brasileirão.
Flertando com o rebaixamento, o São Paulo foi buscar Hernanes na metade de 17, e o jogador foi fundamental para afastar qualquer risco de queda do clube naquele ano. Depois, em sua terceira e última passagem pelo Tricolor, ainda foi campeão paulista de 2021.
Há ainda situação que não deu bom resultado, mas o apelo foi o mesmo. Daniel Alves, hoje preso na Espanha, também sempre se declarou são-paulino e atuou no clube entre 2019 e 2021, com uma conquista do Paulistão. Porém, com atrasos em seu pagamento pelo São Paulo, rescindiu seu contrato e ainda recebe o que lhe é devido pelo Tricolor, mesmo detido na cadeia.
E não é só com jogadores que o São Paulo apela para o coração, com técnicos também. Em 2013, após duas passagens vitoriosas pelo time, Muricy Ramalho foi chamado para tirar a equipe da zona do rebaixamento no Brasileirão.
"Voltei mais pelo apego da torcida. Não pelo contrato, que não foi um baita contrato. Quando o telefone tocou, não deu para falar não. O contrato foi feito em cinco minutos", revelou Muricy à época.
E com outro grande são-paulino, o caso foi semelhante. Rogério Ceni havia iniciado sua trajetória como treinador pelo próprio São Paulo, em 2016. Rodou o país e voltou em 2021, quando o Tricolor havia demitido Crespo e mais uma vez sofria com risco de rebaixamento. Ceni afastou qualquer chance e ficou no clube até 2023.
Agora chega a vez de Ferreirinha. O ponta esquerda de 26 anos assinou contrato com o São Paulo até dezembro de 2027 e chega como um dos grandes reforços para a temporada.
“O São Paulo é o meu time de infância e jogar aqui é o meu sonho desde criança. E, hoje, é gratificante estar aqui. É uma felicidade enorme. Desde o início, eu falei que o meu desejo era jogar no São Paulo”, disse Ferreira em suas primeiras palavras como jogador tricolor. Sorte e sucesso na trajetória!
0 Comentários