@rafaelemilianoo
O São Paulo abriu as portas do estádio do Morumbi nesta segunda-feira (29) para a assinatura da ordem de serviço de várias obras de canalização e remanejamento do Córrego Antonico, que passa sob seu estádio, na zona oeste paulistana. Com as ações, o Tricolor poderá dar início à reforma de modernização de sua casa, anunciada no final do ano passado.
O prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) assinaram duas obras na região. O Estado fará uma obra de escoamento com previsão de custo de R$ 117 milhões. Para esse item, a gestão contará com recursos federais e o início depende da liberação das verbas por parte do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) através do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Pelo lado municipal, a a gestão Nunes prevê remoção de famílias em Paraisópolis, comunidade próxima do Morumbi, entrega de moradias e construção de outro piscinão, na Praça Roberto Gomes Pedrosa, em frente ao estádio. O custo estimado é de R$ 327 milhões e será custeado inteiramente com recursos próprios da Prefeitura.
Além da reforma propriamente dita, a expectativa do São Paulo é que as obras solucionem de vez os problemas de enchente da região, que afetam o seu clube social.
A previsão de entrega das obras é para 2026.
Depois da solenidade, o presidente do São Paulo, Julio Casares, comentou que o clube mantém, desta forma, a previsão de concluir a modernização do Morumbi em 2030, quando o Tricolor completará o seu centenário.
"Melhora muito. São dois anos de obras muito importantes que vão capacitar simultaneamente a gente pensar em uma grande reforma no Morumbi. São Paulo fará cem anos em 2030, quem sabe em 2030 a gente tenha, além da infraestrutura, um grande estádio com mais público, mais capacidade. É isso que estamos comemorando hoje, além de ser algo extraordinário para a população que vai atender mais de 1,5 milhão de pessoas. Estamos reivindicando há 40 anos e hoje tivemos essa grande notícia", disse.
NOVO MORUMBI
O São Paulo assinou no fim de dezembro contrato com a WTorre para reforma do estádio do Morumbi. O acordo, que prevê o prazo de seis meses para a construtora apresentar um projeto de modernização para apreciação do clube, foi revelado inicialmente pela 'Folha de S. Paulo' e confirmado ao AVANTE MEU TRICOLOR.
A WTorre é quem ergueu e administra a arena do rival Palmeiras. Também é quem negocia a reforma da Vila Belmiro com outro rival, o Santos. Mas o contrato com o Tricolor será diferente dos dois.
Segundo o periódico, a reforma prevê aumentar a capacidade para receber até 100 mil pessoas em shows — atualmente, o estádio comporta cerca de 80 mil pessoas. Em dias de jogos, o local terá espaço para cerca de 85 mil espectadores.
De concreto até agora no projeto estão os planos para se construir um anfiteatro modular com capacidade para até 20 mil pessoas, no espaço do portão 1 do estádio, a entrada principal na Praça Roberto Gomes Pedrosa, onde poderão ser realizados eventos esportivos e palestras, sem impacto no gramado.
Será criado também um estacionamento para cerca de 2 mil veículos, que poderá ser usado pelos sócios do clube. A previsão é que as obras sejam concluídas até 2030, ano do centenário do Tricolor.
O projeto são-paulino difere de Palmeiras e Santos pelo fato de que a WTorre não será dona do estádio, mas terá participação nas receitas.
Na última quinta-feira (28), o Conselho Deliberativo tricolor aprovou o contrato de exclusividade que o clube costurou com a Live Nation, gigante produtora de eventos do showbiz, para ceder o Morumbi com exclusividade em shows de estrelas internacionais da música.
O acordo tem cinco anos de duração e pode render até R$ 60 milhões fixos aos cofres do clube. Segundo dirigentes, o São Paulo ainda terá direito a receitas extras geradas dentro do estádio, como bares e lanchonete.
Assim como no caso da WTorre, o contrato com a Live Nation prevê o direito a veto por parte do São Paulo para utilização de seu estádio para jogos importantes e decisivos.
O AMT apurou que o Tricolor já tem 27 espetáculos musicais definidos no calendário para que ocorram no Cícero Pompeu de Toledo em 2024. O último acertado é da banda estadunidense de heavy metal Metallica, que acontecerá nos dias 14 e 16 de novembro.
Conforme a 'ESPN' revelou, o clube foi o primeiro dos quatro grandes do Estado a encaminhar um acordo para utilizar o Pacaembu no ano que vem, quando o tradicional palco paulista deverá ser reaberto após reformas. Até 15 jogos do Tricolor podem ocorrer no local por conta dos shows que serão realizados no Morumbi.
ALL-NEW MORUMBI
Assunto na pauta do São Paulo desde que Julio Casares assumiu a presidência, em 2021, a sonhada reforma do estádio do Morumbi não vai sair do papel em 2024. O martelo foi batido pela diretoria em outubro. E a justificativa é a de que o Tricolor não pode ficar sem sua casa no esperado retorno à Copa Libertadores.
Inspirado pelo argentino River Plate, o projeto escolhido para a reformulação da casa são-paulina prevê a extinção total do anel térreo do Morumbi e a ampliação do intermediário até o nível gramado. Desta maneira seria possível manter a estrutura existente hoje no anel térreo do estádio, principalmente o Morumbi Concept Hall (que ganhará uma nova mega loja oficial com a chegada da New Balance). O Tricolor tem duas frentes para arrecadar a grana necessária. Uma é a de fechar parceiros da iniciativa privada dispostos a serem uma espécie de sócios na empreitada. A outra é a venda do namming rights, o que acabou se concretizando.
Entre o fim da última temporada e o começo desta, o River simplesmente acabou com a pista de atletismo ao redor do gramado e criou para o lugar dois setores. A geral, atrás dos gols, será específica para suas barras bravas (como são chamadas as torcidas organizadas do país vizinho), sem assentos. Terá 23,3 mil lugares. Nas partes centrais, a ampliação das cadeiras numeradas e de sócios deixou os espaços com capacidade total de 57,7 mil pessoas.
Com as reformas, a casa do tradicional time portenho virou o maior estádio da América do Sul, com cerca de 83,2 mil de capacidade. O Morumbi, que já foi o maior campo de futebol particular do mundo, atualmente é o quinto da relação continental, para um público de 66.795 espectadores.
A expectativa de Casares é aumentar esse número. À 'TV Cultura', explicou que o plano é transformar de vez o Morumbi em uma casa de shows e espetáculos da cidade. E esse é um assunto que também interfere nos planos para início da reforma.
Há outro fator importante para o adiamento. O São Paulo vai esperar o poder público realizar o mutirão de obras previstas para a região do Morumbi, como canalização dos afluentes da bacia do Córrego Morumbi, entre eles o rebaixamento do Córrego Antonico, que passa embaixo do estádio, e também a construção de piscinões e cisternas.
Desde os anos 1990 há falas das diretorias do São Paulo sobre reformas estruturais profundas no Morumbi. A última de grande impacto foi em 2008, na gestão Juvenal Juvêncio, quando se prometia cobrir todo o setor das arquibancadas e também construir estacionamento. Sem a inclusão do estádio na Copa do Mundo de 2014, os planos foram engavetados.
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