@rafaelemilianoo
Um dos assuntos que dominou o noticiário esportivo no Brasil na última semana foi o anúncio do acordo dos clubes que integram a Libra (uma das ligas que surgiu a partir da decisão de CBF de abdicar da organização do Campeonato Brasileiro) com o Grupo Globo para transmissão dos direitos de TV da principal competição nacional. Isso, claro, com as equipes que integram esse bloco, do qual o São Paulo faz parte, como mandantes.
Segundo divulgado inicialmente, inclusive por veículos globais, o acordo inicialmente prevê o pagamento de R$ 1,3 bilhão anual pelo período entre 2025 e 2029 (R$ 1,1 bi fixos pelos direitos de TVs aberta e fechada, mais R$ 200 milhões em mínimo garantido pelo pay-per-view).
O montante, contudo, pode chegar a R$ 2 bilhões, conforme variáveis que os dois lados não explicam com clareza.
Seja como for, a bolada já é o suficiente para o Tricolor praticamente triplicar suas receitas com TV.
Em estimativa anunciada pela própria Libra no final do ano passado, quando a oferta da Globo se tornou pública, o São Paulo aparece como o terceiro clube que mais faturará (atrás apenas da dupla Corinthians e Flamengo), com R$ 305,1 milhões.
O cálculo, defasado, já apresenta diferenças. Primeiro porque o Vasco, até então integrante da Libra, deixou o grupo. Depois que Flamengo, Corinthians e Grêmio cederam e a promessa é de manter a divisão do montante no esquema 40-30-30: 40% iguais para todos os clubes, 30% conforme a posição na tabela e 30% de acordo com as audiências das transmissões.
Do total, 3% serão distribuídos entre membros da Libra na Série B. Minúcias serão discutidas em cada percentual, como a maneira que se medem as audiências, mas diretrizes foram estabelecidas.
CENÁRIO PARA O SÃO PAULO É DIFERENTE DE 2023
O 'UOL' obteve acesso a uma planilha que detalha os pagamentos do Grupo Globo referentes aos direitos de transmissão da última edição da Série A. Nela, o São Paulo aparece apenas na 11ª colocação de arrecadação com R$ 111,7 milhões ganhos (veja tabela completa abaixo).
Em dezembro, o portal já tinha feito uma projeção do que cada clube iria receber pelas transmissões em TV aberta e TV paga, mas sem incluir os valores referentes ao pay-per-view, que não eram conhecidos — eles não dependem da quantidade de jogos transmitidos. Com base nessa estimativa, o São Paulo teria a nona maior receita total. No entanto, com os números reais, mais os do PPV, o Tricolor deverá ter a sétima maior receita.
Os valores são oriundos dos contratos de transmissão pela 'Globo' e pelo 'SporTV', em que 40% são distribuídos igualitariamente aos clubes (o que dá cerca de R$ 17,3 milhões para cada um no contrato de TV aberta e R$ 14,5 milhões no de TV paga, exceto pelo Athletico-PR, que não tem contrato com o SporTV, recebendo um valor desconhecido de outras plataformas); outros 30%, de acordo com a posição final no torneio; e os últimos 30% conforme a quantidade de partidas transmitidas.
A grande disparidade na lista é provocada pelos contratos de pay-per-view, já que alguns clubes, como Corinthians, Flamengo, Palmeiras e Grêmio, têm um mínimo garantido.
O São Paulo abriu mão disso em 2019, em troca da antecipação de receitas, dando como garantia as cotas do Brasileirão.
O Tricolor até ficou com a maior parcela dentre os clubes sem garantia mínima, mas seus R$ 27,9 milhões ficam bem abaixo do que recebem Palmeiras (R$ 50 milhões), Grêmio (R$ 56,9 milhões), Corinthians (R$ 118,2 milhões) e, principalmente, Flamengo (R$ 177,3 milhões).
Como os números completos não estão disponíveis para 2022, é impossível fazer uma comparação, mas, de acordo com as estimativas do 'UOL', mesmo com o reajuste pela inflação, os cofres são-paulinos deveriam levar cerca de R$ 4,1 milhões a menos, em grande parte porque, ao ficar duas colocações abaixo do que na edição anterior, o clube recebeu R$ 6,6 milhões a menos, valor que não foi compensado pela maior arrecadação em relação aos jogos transmitidos.
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