@jogosspfc
DO ANOTAÇÕES TRICOLORES
Ao assistir a entrevista coletiva do técnico Thiago Carpini, após o empate com o Guarani, no Brinco de Ouro, minha
impressão foi de ver um certo desconforto
em sua fala. Não digo em relação à expressão, serena como nas demais vezes que
encarou a imprensa, mas em suas palavras.
Ao mesmo tempo em que ele ressaltava
a superioridade que o São Paulo teve diante do adversário, citando exemplos — “…as
situações que nós trabalhamos, de dobras
pelos lados, de ultrapassagem, de volume
ofensivo… acho que isso aconteceu de maneira muito bacana, muito pelo que foi a
nossa semana de trabalho” — e dizendo
que seu time não só merecia ter ganhado
ontem, como o jogo anterior contra o Bragantino, ele também enfatizou, mais de uma
vez e com veemência, que é ele que toma as
decisões referentes à equipe.
Posso estar enganado, mas me pareceu
uma tentativa de bater o pé no chão, para
evitar questionamentos sobre autoridade,
que já seriam naturais diante do trabalho de um técnico ainda com pouca experiência,
ainda mais num momento turbulento como
o atual, em que o Tricolor chegou ao seus
quarto jogo seguido sem vitórias.
Há oito dias, manifestei minha preocupação com o discurso do treinador de que o
time estava jogando bem, mesmo quando isso
claramente não estava acontecendo. Sendo só
“da boca para fora”, não haveria muito problema, desde que os defeitos fossem corrigidos.
Após uma semana de treinos, foi possível ver
alguma evolução, ainda que ela tenha sido
mascarada por erros de finalização que causaram um mau resultado, mesmo com o atenuante de estar jogando fora de casa.
Só que o tempo para evolução vai se esgotando junto com a paciência de parte da
torcida, que avalia os trabalhos dos técnicos
pelos resultados recentes, e não por atuações. Não que a atuação de ontem tenha sido
grande coisa, porque não foi, como o próprio
Calleri admitiu na saída de campo. Mas cada
vez mais o resultado vai se tornando mais
importante para Carpini, a ponto de hoje ele
precisar mais de uma vitória feia por 1 a 0
do que de uma performance dominante que
termine com um empate sem gols.
Foi nesse cenário que interpretei o desconforto que vi na coletiva do técnico. Ele
não terá muito tempo para treinar nesta semana, que voltará a ter dois jogos, antes de
um período de duas semanas inteiras, desde
que o time se classifique para as quartas de
final do Campeonato Paulista. Esse período
pode ser crucial, mas, até lá, será necessário
apresentar resultados: vitórias na quarta-feira, contra a Internacional, e no domingo,
no clássico contra o Palmeiras, trarão uma
certa tranquilidade. Depois, uma vaga na
semifinal daria um prazo ainda maior para
treinos, com a data Fifa de março. Mas, antes, é preciso sobreviver à tempestade atual.
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