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ANOTAÇÕES TRICOLORES: Demitir ou não demitir Carpini? Eis a questão no São Paulo

Carpini durante o duelo contra o Novorizontino (Mauro Horita/Agência Paulistão)


ALEXANDRE GIESBRECHT
@jogosspfc
DO ANOTAÇÕES TRICOLORES


É muito raro eu defender a demissão de um treinador, porque eu acredito no planejamento de longo prazo, com eventuais correções de rota que passam longe de demissões sumárias. Mas é possível que tenhamos chegado a um ponto em que o São Paulo não pode mais continuar com Thiago Carpini. Por mais que em determinados momentos se tenha visto evolução no trabalho, ela nunca foi constante, e, após somente catorze jogos na temporada, há muito mais exemplos de más atuações do que de boas. 


Só que a coisa vai além do que se vê em campo. Ele conquistou uma espécie de “má vontade” com a torcida que só tem aumentado e talvez já não tenha mais volta. Se isso aconteceu com Rogério Ceni, que tinha uma história muito maior com o clube para servir como “amortecedor”, imagine com um técnico que está no mercado há menos de cinco anos, ainda sem um trabalho num clube grande. Mesmo que ele consiga vitórias nas duas primeiras rodadas da fase de grupos da Libertadores — e serão longas duas semanas e meia até lá —, qualquer eventual tropeço já trará de volta a raiva. Até mesmo uma magra vitória por 1 a 0 sem jogar bem terá o mesmo efeito. E, nesse ponto, a demissão sempre passa a ser questão de tempo. 


Entretanto, os primeiros sinais que emanaram do presidente Júlio Casares são de manutenção do treinador. Se isso for pelos motivos certos e não um mero adiamento de uma decisão que venha a ser tomada daqui a pouco tempo, posso defender a ideia, mesmo sem convicção de que uma reviravolta é possível. Mas, se for por motivos políticos, e acabarmos vendo se repetir o filme do ano passado (porém sem um substituto óbvio no mercado), defender essa ideia será um grande erro estratégico. 


Você pode estar imaginando o que quero dizer com “motivos políticos”, mas não estou preparado para tratar dos detalhes nestas páginas, ao menos enquanto não tiver convicção do cenário interno, que ainda está meio embaçado, com os poderes do clube se engalfinhando em busca de mais poder e usando, para isso, torcedores e imprensa. Enquanto isso, o coordenador de futebol Muricy Ramalho segue como o principal defensor de Carpini, e não tenha dúvidas de que isso tem um peso lá dentro. Como o ex-técnico também foi importante na contratação, ele poderia ser exposto numa eventual demissão neste momento. Por isso, talvez fosse necessário achar um “boi de piranha” para contornar a situação. 


De qualquer maneira, o panorama interno não tem nenhum impacto no externo, que não contém nenhum técnico inquestionável, e isso é outra questão que pode segurar Carpini. Se não segurar, prevejo a especulação de nomes que já tinham sido ventilados em janeiro, como Paulo Pezzolano ou Luis Zubeldía, se bem que essa opção também colocaria Muricy numa saia justa, por ter dado a entender que o argentino teria esnobado o São Paulo. 


Enfim, demitir ou não Thiago Carpini não é uma decisão simples. Ela tem muitas nuances que não aparecem numa primeira análise. Com o time sem jogos até o início de abril, prepare-se para ouvir muita especulação.














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