@jogosspfc
DO ANOTAÇÕES TRICOLORES
É muito raro eu defender a demissão de
um treinador, porque eu acredito no planejamento de longo prazo, com eventuais
correções de rota que passam longe de demissões sumárias. Mas é possível que tenhamos chegado a um ponto em que o São
Paulo não pode mais continuar com Thiago
Carpini. Por mais que em determinados momentos se tenha visto evolução no trabalho,
ela nunca foi constante, e, após somente catorze jogos na temporada, há muito mais
exemplos de más atuações do que de boas.
Só que a coisa vai além do que se vê em
campo. Ele conquistou uma espécie de “má
vontade” com a torcida que só tem aumentado e talvez já não tenha mais volta. Se isso
aconteceu com Rogério Ceni, que tinha uma
história muito maior com o clube para servir como “amortecedor”, imagine com um
técnico que está no mercado há menos de
cinco anos, ainda sem um trabalho num clube grande. Mesmo que ele consiga vitórias
nas duas primeiras rodadas da fase de grupos da Libertadores — e serão longas duas semanas e meia até lá —, qualquer eventual
tropeço já trará de volta a raiva. Até mesmo
uma magra vitória por 1 a 0 sem jogar bem
terá o mesmo efeito. E, nesse ponto, a demissão sempre passa a ser questão de tempo.
Entretanto, os primeiros sinais que emanaram do presidente Júlio Casares são de
manutenção do treinador. Se isso for pelos
motivos certos e não um mero adiamento
de uma decisão que venha a ser tomada daqui a pouco tempo, posso defender a ideia,
mesmo sem convicção de que uma reviravolta é possível. Mas, se for por motivos políticos, e acabarmos vendo se repetir o filme
do ano passado (porém sem um substituto
óbvio no mercado), defender essa ideia será
um grande erro estratégico.
Você pode estar imaginando o que quero
dizer com “motivos políticos”, mas não estou
preparado para tratar dos detalhes nestas
páginas, ao menos enquanto não tiver convicção do cenário interno, que ainda está
meio embaçado, com os poderes do clube
se engalfinhando em busca de mais poder
e usando, para isso, torcedores e imprensa.
Enquanto isso, o coordenador de futebol
Muricy Ramalho segue como o principal defensor de Carpini, e não tenha dúvidas
de que isso tem um peso lá dentro. Como
o ex-técnico também foi importante na
contratação, ele poderia ser exposto numa
eventual demissão neste momento. Por isso,
talvez fosse necessário achar um “boi de piranha” para contornar a situação.
De qualquer maneira, o panorama interno
não tem nenhum impacto no externo, que
não contém nenhum técnico inquestionável, e
isso é outra questão que pode segurar Carpini.
Se não segurar, prevejo a especulação de nomes que já tinham sido ventilados em janeiro,
como Paulo Pezzolano ou Luis Zubeldía, se
bem que essa opção também colocaria Muricy
numa saia justa, por ter dado a entender que
o argentino teria esnobado o São Paulo.
Enfim, demitir ou não Thiago Carpini não
é uma decisão simples. Ela tem muitas nuances que não aparecem numa primeira análise.
Com o time sem jogos até o início de abril,
prepare-se para ouvir muita especulação.
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