@rafaelemilianoo
A torcida do São Paulo vai ter um reencontro com um velho conhecido no duelo de domingo contra o Atlético-GO, fora de casa, pelo Campeonato Brasileiro.
Com a demissão de Thiago Carpini, quem será o técnico do Tricolor no confronto será o auxiliar permanente Milton Cruz.
Ex-atacante revelado pelo próprio clube do Morumbi nos anos 1970, Cruz ficou conhecido pela suposta fama de possuir anotações e indicar reforços contratados pela equipe no início deste século que vingaram, se tornaram ídolos e conquistaram títulos de relevância.
Mineiro, Josué, Danilo, Fabão, Grafite, Jorge Vágner e outros são alguns dos que teriam sido indicados por 'Caderninho', apelido referente ao tido como excelente trabalho de observação.
Era o ápice na função de auxiliar fixo, cargo que passou a ocupar no final de 1996, indicado por Muricy Ramalho, seu amigo pessoal.
Com o passar o tempo e principalmente pela grande sequência de Muricy Ramalho como técnico nas duas primeiras décadas dos anos 2000, de quem é amigo pessoal, viu seu poder dentro do São Paulo crescer.
Desde 1999, quando substituiu Paulo César Carpegiani na disputa da Seletiva para a Libertadores, competição criada pela CBF para escolher mais um representante brasileiro na competição continental, foi técnico 43 vezes do Tricolor, obtendo 23 vitórias, sete empates e 13 derrotas.
A última vez havia sido em 2015, ocupando o lugar de Doriva na reta final do Brasileirão e classificando a equipe para a Libertadores.
Mas as coisas havia mudado na Barra Funda. Após profunda crise política, Carlos Augusto de Barros Silva, o Leco, chegou à presidência observando Cruz com desconfiança. Haviam suspeitas que vazava coisas internas ao grupo do antecessor Carlos Miguel Aidar, que renunciara.
Somado à chegada do argentino Edgar Bauza, que recusou seus serviços, Cruz foi remanejado para a área de análise de desempenho, se afastando cada vez mais do dia a dia, como presença no campo nos treinos e viagens.
Em 24 de março de 2016 foi confirmada sua demissão do São Paulo, após mais de 22 anos. E o início de uma guerra velada com a gestão Leco.
Enquanto passava por Náutico, Figueirense e Sport como treinador, Cruz moveu alguns polêmicos processos trabalhistas contra o São Paulo, a maioria pedindo equiparação salarial a de treinador nas vezes em que ocupou a função. Ao mesmo que dava declarações contra o então presidente são-paulino. Somadas, as ações representam o maior valor já pedido ao Tricolor nos tribunais.
Com a eleição de Julio Casares em 2021, acabou tendo o seu retorno ao São Paulo exigido por Muricy. Mas novamente se viu envolto em polêmicas nos bastidores.
Oficialmente assessor técnico de Muricy, até teve certa relevância no cotidiano com Hernán Crespo como técnico. Mas acabou preterido do cotidiano com os sucessores Rogério Ceni e Dorival Júnior.
Com Ceni, aliás, com quem conviveu nos 22 anos anteriores de Tricolor, Cruz tinha uma relação extremamente fria. O ex-goleiro impedia a sua presença no campo nos treinamentos e teria pedido inclusive a sua saída no começo de 2023, o que foi rejeitado por Casares.
Voltar plenamente ao cotidiano do futebol são-paulino só foi possível com Carpini. Inclusive se sentando no banco de reservas, algo que não fazia pelo São Paulo desde 2015.
As fissuras que ficaram com a torcida pelos processos trabalhistas e a relação conflitosa com Leco pesaram para Casares 'enrolar' a demissão de Carpini. O presidente não queria Cruz no banco para evitar polêmicas. Mas pelo jeito nem mesmo os questionamentos sobre a volta do homem do caderninho a uma função que levou às ações judiciais devem ser maiores que a insatisfação ds arquibancadas com o novato treinador, devidamente demitido.
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