@rafaelemilianoo
A terça-feira (2) do São Paulo começou com uma informação que deixou os dirigentes do Morumbi um tanto quanto estarrecidos: Daniel Alves, condenado por estupro na Espanha, teria manifestado sua vontade de retornar ao Tricolor. Mas desta vez para trabalhar como uma espécie de auxiliar das categorias de base, em Cotia.
Em um dia já tanto tumultuado pelo delírio público de John Textor, dono da SAF do Botafogo, que acusou jogadores são-paulinos de entregarem de 'corpo mole' na goleada sofrida por 5 a 0 sobre o Palmeiras, ano passado, pelo Campeonato Brasileiro, ver os boatos de reaproximação com seu ex-camisa 10 não seriam, digamos, nada convenientes.
Na verdade, o suposto desejo de Alves em ser tutor e ajudar na formação da base são-paulina, clube do qual sempre se declarou torcedor, foi supostamente tornado público por amigos do condenado, que trataram de espalhar o boato pela internet. A coisa vai além: ele trabalharia em troca da redução da dívida que o Tricolor tem com ele.
Jogo de cena ou não, seria uma maneira do ex-lateral tentar duas coisas: amenizar os danos à sua imagem. E tentar convencer a justiça espanhola a liberá-lo para voltar ao Brasil.
Nada, contudo, oficial. No São Paulo, nenhum tipo de conversa com Alves ou alguém que o represente aconteceu. E nem acontecerá. O clube não quer nenhum tipo de reaproximação com o ex-jogador, que vestiu sua camisa por 95 vezes, com dez gols marcados e o título do Campeonato Paulista de 2021 ganho.
O CASO
Alves foi solto da prisão no último dia 25 de março, após pagar fiança de quase R$ 5,5 milhões à Justiça da Espanha. Ele estava detido há 14 meses em Barcelona.
O lateral foi preso em janeiro do ano passado acusado do estupro de uma jovem de 23 anos, em uma boate de Barcelona, em 2022.
O depósito da fiança aconteceu cinco dias após o Tribunal de Barcelona aceitar o pedido de liberdade dos advogados do jogador.
A decisão da Justiça incluiu ainda a retirada dos dois passaportes, espanhol e brasileiro; a obrigação de comparecer semanalmente ao Tribunal; além da proibição de sair do país e de se aproximar ou manter contato com a vítima.
Em fevereiro deste ano, o lateral foi condenado a quatro anos e meio de prisão e ao pagamento de mais de R$ 800 mil em indenização à vítima. Ainda cabe recurso contra essa sentença.
Alves assinou contrato com o São Paulo em agosto de 2019 com um salário de R$ 1,5 milhão. A ideia da gestão de Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, era arrumar parceiros e fazer um grande marketing em torno dele para conseguir arcar com as cifras do jogador, que saiu de graça do PSG, da França.
A expectativa, contudo, nunca se confirmou. E o São Paulo se viu mergulhado na dívida com o jogador. Após a pandemia do coronavírus, o débito do clube com o jogador chegou a R$ 18 milhões, forçando sua saída, em setembro de 2021.
Em entrevista à 'Folha de S. Paulo', o presidente Julio Casares apontou que a dívida do Tricolor com Alves está em cerca de R$ 25 milhões. E o clube continua honrando o compromisso de pagar em parcelas mensais de R$ 450 mil, até o final de 2025.
Os advogados do São Paulo chegaram a analisar uma forma de suspender as mensalidades com a prisão do ex-jogador. Mas não houve brecha jurídica.
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