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Árbitro do VAR tentou passar pano para Diniz em treta com Luciano: "Nada para vermelho"

Técnico do Fluminense acabou expulso após confusão com camisa 10 (Reprodução)


RAFAEL EMILIANO
@rafaelemilianoo


ALEXANDRE GIESBRECHT
@jogosspfc

DO ANOTAÇÕES TRICOLORES


A CBF divulgou na noite de terça-feira (14) os áudios da equipe de arbitragem nos dois momentos mais polêmicos do jogo entre São Paulo e Fluminense, um dia antes, que terminou com vitória são-paulina por 2 a 1. 


Um deles foi o da expulsão do técnico carioca, Fernando Diniz, nos acréscimos do primeiro tempo, após discussão com Luciano. Ele oferece alguns detalhes a mais sobre o motivo do cartão vermelho, listado na súmula como: “Por proferir as seguintes palavras ao jogador adversário, senhor Luciano da Rocha Neves, número 10: ‘Vai tomar no cu.’ 


A confusão teve início quando Manoel errou o domínio de uma bola no campo de defesa e imediatamente a mandou para fora, caindo no chão em seguida e pedindo atendimento médico. Enquanto isso, o camisa 10 são-paulino correu até a linha lateral, pegou outra bola, recebida de um gandula, e tentou repô-la em jogo, sob os protestos de Diniz.

“Por que você vai bater o lateral”, questionou o treinador, de acordo com o dublador Gustavo Machado, que reconstituiu os áudios da cena com sua voz. “Está louco? Ele se machucou!” Para impedir a cobrança, um membro da comissão técnica do Flu jogou mais uma bola em campo. Luciano, então, ouviu Diniz mandar ele “tomar no cu” e passou a discutir com seu antigo chefe — que teria sido, inclusive, que pediu sua contratação quando trabalhava no São Paulo, em 2020.

A essa altura, outros jogadores se colocaram entre os dois, e o árbitro Ânderson Daronco perguntou se “foi o Diniz que fez isso”. Pouco depois, alguém na cabine observa: “O jogo estava parado. Esse (palavra inaudível) tem tudo para dar o vermelho.” Outra pessoa, no entanto, diz “Não, não”. Mais de trinta segundos se passam, e a primeira pessoa da cabine avisa a Daronco: “Não há nada protocolar para ser checado. Nada para vermelho.” 


O árbitro ainda pergunta se nem nas atitudes da comissão técnica e recebe a mesma resposta, mas subitamente vira-se na direção do banco dos visitantes e repete algumas vezes: “Eu escutei.” Tomada sua decisão, ele explica no áudio: “Eu vou dar um cartão amarelo para o Luciano e vou expulsar o Diniz pela conduta inicial. E agora eu escutei ele mandar o jogador tomar no cu.” 


Quando chega perto do são-paulino, este o questiona, num diálogo idêntico tanto no áudio do VAR como na dublagem: “Vai me dar amarelo? Então, você tem que expulsá-lo.” Daronco responde — “Eu vou. Calma.” — e segue até o técnico, avisando-o antes de mostrar o cartão vermelho: “Eu escutei o senhor mandar o jogador tomar no cu.”
 
Diniz ainda protestou: “Você vai me expulsar porque eu mandei tomar no cu? Todo mundo manda todo mundo tomar no cu, Daronco.” A resposta do árbitro foi com um tom calmo: “O senhor necessita ter uma conduta exemplar. Tudo começou no [seu lado] ali. Eu escutei ele mandar o Luciano tomar no cu no início. Era só tu não ter caído.” Ao ouvir o técnico explicar que Luciano tinha pegado a bola para cobrar o lateral, Daronco retrucou: “É direito dele.” Em sua entrevista coletiva, o treinador ainda estava revoltado pelo motivo de sua expulsão: “Todo mundo no futebol sabe que xingar é do jogo. Todo jogo tem isso. No meio do futebol, é uma linguagem comum. Nunca vi alguém ser expulso por falar palavrão. Foi o que ele falou. Não tem critério. Não estou julgando sobre ele não ter expulsado ninguém do São Paulo, porque não tem que expulsar mesmo por palavrão. Sinceramente, não entendi a expulsão. Para mim, deveria ser amarelo.” 


A regra 12 prevê “usar linguagem ou realizar ação ofensiva, insultante ou abusiva” como uma das infrações passíveis de expulsão para membros de comissões técnicas. Em junho passado, o presidente da comissão de arbitragem da CBF, Wílson Seneme, chegou a afirmar “A regra é mais rigorosa com o técnico”, porque, numa discussão entre um membro de comissão técnica e um jogador adversário, se ambos forem expulsos só um dos times ficaria com um homem a menos em campo. Isso é questionado pelo especialista em arbitragem Rafael Porcari, que em texto publicado ontem classificou a declaração de Seneme como “gafe”, explicando não ter achado nada a respeito nos textos da regra, seja em inglês ou português. 


Além de ter incomodado Luciano, a ofensa também foi questionada por André Silva, que falou para Diniz, ainda no campo, conforme mostra a dublagem de Machado: “Não pode xingar.” O técnico discordou, perguntando por que não poderia xingar, e ouviu que era por “respeito”. “Respeito?!”, reclamou. “E o que ele fez lá?” Ele provavelmente se referia à tentativa de Luciano de cobrar o lateral enquanto Manoel estava no chão.


Nesse mesmo momento, o lateral-esquerdo Marcelo, que ainda não tinha entrado em campo, disse para alguém que não aparece nas imagens postadas por Machado: “Reza para eu não entrar, seu cuzão.” Embora essa frase não possa ser ouvida no áudio da CBF, o momento parece ser o mesmo em que Marcelo se dirige a André Silva, pouco depois de o atacante ter discutido com Diniz. Quando entrou, porém, aos 39 minutos da segunda etapa, não participou de nenhum lance violento, mas André tinha sido substituído seis minutos antes. 


O desentendimento com Diniz repercutiu na entrevista dada por Luciano depois do jogo. Quando lembrado que o técnico tinha dito “Sua amizade acabou para mim” durante o entrevero, o atacante foi direto: “Se ele acha assim, para mim acabou, porque eu jamais o xingaria na beirada do campo.” Entretanto, Arboleda disse achar que era como “briga de pai e filho”, que iria ser resolvida depois, um discurso que seria repetido pelo ex-jogador e hoje apresentador do 'Sportv' Róger Flores. A partir daí, Luciano parecia mais apaziguador, apesar de ter ressaltado que tomaria uma bronca de sua esposa. “O que acontece dentro de campo fica dentro de campo”, finalizou.






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