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ANÁLISE: Calciopédia responde quem é Mário Rui, como joga, a passagem pelo Napoli e como pode encaixar no São Paulo

Lateral português durante partida pelo Italiano (Simone Arveda/Getty Images)

CAIO BITENCOURT*
@caiobtncrt
DO CALCIOPÉDIA

Desde que chegou em 2017, Mário Rui viveu altos e baixos com a camisa do Napoli. Lateral que sabe defender, um pouco agressivo até quando necessário, no começo tinha suas coisas porque a jogada dele era basicamente se mexer com o ponta da vez. Ou o Mertens quando estava lá, ou principalmente Insigne, mais tarde, Kvaratskhelia. 

Era batata, ele pega a bola na esquerda, carrega, toca pro ponta e ultrapassa, quando não era o contrário. Daí vinham algumas boas jogadas e até assistências. Na bola parada ele teve seus momentos. O x da questão era o aspecto físico. Não exatamente por lesões, embora nos últimos anos pós-Scudetto ele teve algumas musculares a mais: mas o fato dele ser baixinho (1,68m) atrapalha. 

Fazia muitas vezes as jogadas de gol adversárias serem em cima dele porque um atacante mais forte ou mais alto poderia chegar atropelando ele na região da segunda trave. 

Isso, de certa forma, fazia com que a torcida do Napoli as vezes torcesse o nariz pra ele nas épocas de Sarri, Ancelotti e até Gattuso. Lembro que eu, como corneteiro número 1 de ambas as minhas paixões, dizia que em certos jogos ele lembrava o Roberto Carlos, em outros, era algo tenebroso.

Até que veio Spalletti. Os problemas dele ficavam menos visíveis porque passou-se a dar cobertura maior as subidas dele e aos espaços até mesmo na segunda trave. Resultado: ele foi titular no Scudetto e o título de 2022-23 marcou de vez a presença em Nápoles, onde há quem o chame de "Professor".

A saída do Napoli na prática se dá pelo desgaste natural dos últimos 7 anos, especialmente se levar em conta que ele é o único da época do Sarri que virou a temporada 2024-25 ainda no elenco, e porque não se faz necessário pro estilo de jogo do Conte. 

E o aspecto físico fez a diferença nesses jogos de pré-temporada, em que tinha dificuldade para acelerar no apoio e na defesa contribuía bem menos, em uma inédita formação com alas, onde jogou em raras vezes no Napoli antes disso. Acho que só tem histórico do gênero lá atrás no Empoli, com o Sarri.

Da parte do São Paulo, ele tem prós e contras. Prós porque vai casar com o estilo de jogo do Zubeldía que faz com que, com dada frequência quando jogam Welington e Patryck, sempre tem quem vá a ponta e cruze, participe do jogo ofensivo. Para a questão de subidas, é isso que se pode esperar. 

Para a defesa, até pode ser útil, desde que tenha boa cobertura, o que é um ponto a se melhorar com ou sem Rui, a meu ver, muito porque embora Luiz Gustavo tenha técnica, e jogue bem, se precisa de um banco pra que se preserve o físico dele. De certa forma, a presença de Rui ajudaria a resolver o problema da lentidão na substituição de Welington e Caio Paulista, em duas situações em que a diretoria contou com os ovos no da galinha e perdeu ambos. 

O x da questão para mim será o físico. Qualidade com a bola, ele tem e tem números nos anos para tal. Seja o físico por ser um homem de 33 anos, seja o aspecto por ser um jogador de 1,68m, em um futebol em que atletas desse nível físico e de altura estão em extinção. 

E Rui ainda conseguiu ficar e se manter sob esse contexto. Porém, até creio que a saída dele de Nápoles ainda não aconteceu exatamente por isso. Jogadores abaixo de uma certa estatura, por volta abaixo de 1,80m, ou de estrutura física mais franzina, estão entrando de certa forma em extinção e sendo engolidos. O meu temor é que nesse caso, em uma hipotética vinda, se teria de fazer compensações a esse tipo de coisas.

*Jornalista especialista em futebol italiano, Caio Bitencourt é integrante do Calciopédia, maior site sobre futebol do país da bota no Brasil (acesse o site, Instagram e conheça o trabalho dos irmãos clicando aqui), além de ser torcedor do Napoli e do São Paulo.



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