E o estádio do Morumbi é palco, 20 anos depois, de outra tragédia envolvendo a morte de um jogador.
Na noite de 27 de outubro de 2004, durante uma partida do Campeonato Brasileiro diante do São Paulo, Serginho, zagueiro do São Caetano, caiu desacordado aos 14 minutos do segundo tempo por conta de um mal súbito. Ele morreria uma hora depois no Hospital São Luiz, também nas cercanias da casa tricolor.
Assim que desmaiou no gramado, o defensor foi cercado pelos companheiros, que se assustaram com a gravidade da situação. Antes de ser levado à ambulância em direção ao hospital, a equipe médica fez os primeiros socorros no jogador ainda dentro de campo, como respiração boca a boca e massagem cardíaca.
Natural de Vitória (ES), o atleta de 30 anos morreu com o uniforme de jogo, que precisou ser rasgado para facilitar o atendimento médico.
No mesmo ano da fatalidade, ele já havia sido diagnosticado com arritmia cardíaca, quando realizou exames cardiológicos, junto ao elenco do São Caetano, no Instituto do Coração (Incor), o que levou a uma série de investigações sobre o caso.
À época, o Ministério Público indiciou o então presidente do São Caetano, Nairo Ferreira, e o médico do clube, Paulo Forte, por homicídio doloso. No entanto, o Supremo Tribunal Federal (STF) reverteu a denúncia para culposo, ou seja, quando não há intenção de matar. Nairo e Paulo viriam a ser absolvidos desse caso.
O São Caetano foi punido com a perda de 24 pontos, o equivalente a oito vitórias no campeonato, pelo fato dos dirigentes do seu time terem-no deixado jogar mesmo sabendo de seus problemas cardíacos.
Mesmo assim, até familiares do zagueiro saíram em defesa do São Caetano, alegando que avaliações feitas durante aquela temporada permitiam que Serginho continuasse atuando sem problemas.
A autópsia revelou que a causa da morte de Serginho foi uma miocardiopatia hipertrófica assimétrica, doença que dilata o coração e pode acarretar morte súbita.
A viúva de Serginho recebeu dois seguros de vida pela morte do marido, além de R$2,5 milhões após acordo feito com o clube do ABC Paulista.
De maneira sórdida e insólita, o STJD ordenou que São Paulo e São Caetano voltassem a campo para jogar o tempo restante do jogo, mesmo sem nenhum clima propício para isso. E assim, no dia 3 de novembro, em apenas 31 minutos, o Tricolor conseguiu o placar de 4 a 2,em um Morumbi de portões abertos.
O episódio Serginho mudou alguns paradigmas no futebol brasileiro.
Na ocasião, o São Paulo chegou a ser investigado - e absolvido - por negligência. Isso por conta da demora no atendimento da ambulância (o motorista estava comendo um lanche do lado de fora do estádio) e a ausência de desfibrilador para reanimação cardíaca.
O equipamento, usado em Juan Izquierdo na última quinta-feira (22), passou a ser obrigatório nos estádios por meio do regulamento geral de competições não só da CBF, mas também da FPF e da Conmebol.
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