A guerra vista por São Paulo e Palmeiras no Campeonato Paulista, quando o time tricolor vetou o uso da sala de entrevista coletiva do Morumbi após o empate em 1 a 1, em março, vai ganhar novos capítulos.
Dirigentes do Tricolor reclamam nos bastidores da atitude do rival verde de instalá-los em um espaço sem ar-condicionado, atrás de um dos gols e podendo serem vistos por torcedores palmeirenses, que ficaram os ofendendo o tempo inteiro na derrota por 2 a 1 no último domingo (18), pelo Campeonato Brasileiro.
Mensagens em grupos pelo celular obtidas pelo AVANTE MEU TRICOLOR cobram uma reciprocidade quando o Palmeiras for à casa tricolor.
Tal como aconteceu neste ano. O São Paulo alegou não ter concedido sua sala de entrevistas de coletiva pelo fato do rival não fazer o mesmo em sua arena. Pelo contrário. No jogo do ano passado pelo Brasileirão, o então técnico são-paulino Dorival Júnior, falou em um local improvisado, sem sistema de som adequado, sem estrutura para estender o backdrop com os patrocinadores e os jornalistas tendo de se sentarem no chão.
Para piorar, o local ficaria próximo ao vestiário dos gandulas, que teriam provocado os funcionários são-paulinos.
Oficialmente o São Paulo ficará em silêncio para evitar arestas como as vistas em março.
Mas o clima já estava quente antes do jogo. Depois da partida do Paulistão, a FPF (Federação Paulista de Futebol) vem fazendo reuniões virtuais com os dois clubes para evitar que cenas lamentáveis como àquela se repetissem. Na última, contudo, o Tricolor estranhou o comportamento palmeirense. Os dirigentes do rival passaram a maior tempo com câmera e microfone desligado e saíram antes do término do encontro.
Em contato com o presidente Julio Casares, a WTorre informou que o Palmeiras poderia ter alugado um camarote mais centralizado e isolado do contato com a torcida adversária, coisa que o clube do Morumbi alega ter fornecido ao rival nos clássicos em sua casa.
A construtora, aliada são-paulina na reforma do Morumbi, ainda explicou que o local usado pelos dirigentes é uma espécie de lounge recém-reformado, mas que deveria ser cedido a um dos patrocinadores do time verde, não à delegação adversária.
A 'treta de camarotes' é só mais um capítulo do confuso jogo de domingo.
Dirigentes tricolores alegam que funcionários do time verde teriam provocado os tricolores no momento em que deixavam o gramado. Um dos nomes apontados foi o de Fernando Galuppo, historiador e membro da comunicação do Palmeiras. Segundo três jogadores, ele ficou ao lado do túnel de entrada ofendendo-os.
As imagens do zagueiro Sabino discutindo com Galuppo ganharam as redes sociais após a partida. O jogador disse que foi ofendido.
"Mandou ele voltar para a casa 'pianinho', mandou calar a boca, essas coisas. Além de proferir palavrões. Um ato de desequilíbrio", disse um dirigente são-paulino ouvido pela reportagem.
O mesmo cartola relata que outro funcionário da comunicação verde gritou que "hoje vocês vão dar coletiva na casa do caralho", uma alusão à reclamação feita pelo São Paulo do espaço destinado pelo rival para suas falas pós-partida no ano passado e que culminou na proibição de uso da sala de coletivas do Morumbi pelo técnico Abel Ferreira no jogo deste ano pelo Campeonato Paulista.
Ainda de acordo com conversas em grupos de mensagem por celular a qual o AVANTE MEU TRICOLOR teve acesso, os são-paulinos reclamaram de funcionários da arena palmeirense. Um deles diz ter gravado o momento em que uma pessoa que fazia o apoio no túnel de acesso aos vestiários gritar "nós vamos abrir o portão da Mancha Verde pra pegar esses bambis. Inimigo aqui a gente trata assim".
Um conselheiro influente da gestão Julio Casares diz que um colega torcedor rival lhe deu solidariedade e revelou que a ordem era que seguranças palmeirenses agredissem os jogadores são-paulinos.
Cerca de 20 minutos após a denúncia, um diretor respondeu confirmando a história.
"Gente, foi uma truculência muito grande. Nossos jogadores foram seguros pelo braço e empurrados. O que a gente quer saber é se eles podiam entrar no campo assim", escreveu.
Por ora, o São Paulo não se pronunciou sobre as confusões ocorridas. Tampouco divulgou imagens suas sobre os fatos. O Palmeiras até mesmo cancelou entrevistas.
Após reunião de Casares com o jurídico, o São Paulo enviou nesta segunda-feira (18) um ofício à CBF para denunciar cantos homofóbicos da torcida do Palmeiras durante o duelo pelo Brasileirão.
Em um dos vídeos de posse do São Paulo, parte da torcida palmeirense entoa o canto "vai para cima delas". Os dizeres, no entanto, não foram aderidos por todo o estádio. O árbitro Raphael Claus não relatou o ocorrido na súmula e nem paralisou o clássico.
Em outra situação ainda mais grave, enquanto o lateral são-paulino Patryck assustava em campo com uma séria lesão na cabeça no segundo tempo, um torcedor palmeirense gritou: “Morreu, mais uma bicha morta”, registrou um dos vídeos que o Tricolor inclui na denúncia.
Os atos homofóbicos dos palmeirenses são enquadrados no artigo 243 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, que proíbe “praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência”.
A expectativa com essa série de reclamações são-paulinas cresce para um eventual confronto futuro entre os rivais. Caso Palmeiras e São Paulo avancem na Copa Libertadores, o duelo se repetirá nas quartas de final. Caso contrário, só ano que vem.
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