O São Paulo não perdia para uma equipe uruguaia em sua casa desde 1982. Nunca sofreu um gol sequer do Nacional. E jamais havia sido eliminado para um time estrangeiro nas oitavas de final da Copa Libertadores.
Com essa mistura de ingredientes altamente favoráveis. Não seria essa equipe em específica do Nacional, de muita disciplina tática, mas pífia qualidade, que poderia aprontar para cima do Tricolor na noite desta quinta-feira (22).
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E assim, empurrado pela torcida que deu show, fez uma recepção histórica e cantou e apoiou o tempo todo, o São Paulo bateu o freguês que não o vence há mais de 60 anos por 2 a 0 e carimbou sua classificação para as quartas de final da principal competição continental, no mínimo igualando sua campanha quando participou pela última vez, em 2021.
O jogo começou dando sinais de que poderia repetir a pasmaceira tática do duelo de ida, em Montevidéu. Ainda mais sem Ferreirinha, penando para articular seu ritmo e sentindo muita falta da velocidade do ponta. Mas, passada a encaixotada que sofria, o Tricolor descobriu o caminho para infiltrar pelo meio e levar perigo. E assim, aos 30, Bobadilla apareceu livre na entrada da área para chutar forte e abrir o placar.
Parecia pouco. E era. Por isso, logo na volta do intervalo, Calleri desviou de cabela um cruzamento na medida de Wellington Rato para ampliar. Foi demais para a torcida visitante, que forçou a paralisação do jogo ao vandalizar o estádio, arremessando as cadeiras do setor onde estavam ao gramado. Resolvido o problema pela PM, o Tricolor passou a cozinhar os espaços, de novo dando liberdade controlado ao adversário, que ameaçou perigo, mas não conseguiu concluir o que criou.
Para deixar o clima mais apreensivo, o zagueiro Izquierdo ainda desabou em campo no final da partida e foi socorrido de ambulância a um hospital por um problema de saúde.
O adversário São Paulo agora na Liberta será o temido Botafogo, que vive boa fase goleando em clássicos e eliminando o Palmeiras nas oitavas. O primeiro jogo será no Rio de Janeiro (RJ), na semana do dia 18 de setembro. A volta, no Morumbi, acontece na semana do dia 25 do mesmo mês. As datas corretas ainda serão definidas pela Conmebol.
Antes, contudo, o Tricolor volta a campo às 18h30 (de Brasília) do próximo domingo (25) contra o Vitória, novamente em casa, pelo Campeonato Brasileiro.
O JOGO
Para quem esperava facilidades, o início primeiro tempo reservou o mesmo jogo cadenciado e encaixotado que o São Paulo apresentou no Uruguai.
Sentiu a falta de Ferreirinha, podemos dizer. E faz todo o sentido.
O time tricolor demorou para conseguir desamarrar pela primeira vez a disciplina tática do Nacional, que não necessariamente apostou em uma defesa ostensiva. Os uruguaios vieram para jogar, dentro de suas limitações. E até certo ponto conseguiram. Mas acabaram esbarrando no dia inspirado da dupla de zaga são-paulina, essa sim, o grande destaque do período inicial.
Na construção, o São Paulo repetiu o que mostrou no Uruguai, com o agravante de não ter seu contundido ponta e assim não ter como explorar a velocidade em cima das linhas rivais.
Sobrava o toque, o trabalho posicional e a construção lenta na tentativa de encontrar os espaços que certamente o adversário cederia.
E assim o Tricolor foi martelando. Wellington Rato cruzou no veneno, a bola saiu fechada e o goleiro antecipou espalmando e tirando o lance de Calleri. Depois foi a vez de Luciano, finalizar de meia bicicleta para fora um cruzamento de Welington.
Se faltava a velocidade que poderia surpreender o Nacional, sobrava a pressão de se manter a bola no ataque. E uma hora o espaço apareceria. Foi aos 30. Calleri recebeu o passe dentro da área, fez o pivô e a bola sobrou para Bobadilla dominar, livre e soltar a bomba para abrir o placar.
Pronto, por toda a disciplina do mundo que o Nacional pudesse ter, falta qualidade, óbvio. E o Tricolor tinha de projetar mais seu jogo. O gol mostrou o caminho. ED o que era um abafa de pouca produtividade, virou pressão objetiva. Dois minutos depois, em jogada quase semelhante, foi a vez de Luciano dominar na área e buscar um companheiro. Apareceu Calleri, que novamente teve espaço, dominou e bateu colocado para a defesa de Mejía.
O caminho da felicidade existe, é uma trilha estreita em meio à selva triste, canta o rap. E o Tricolor descobriu que sua articulação dependia das jogadas por dentro, não pelas pontas, como teimosamente insistia. E novamente quando insistiu em uma infiltração central, o São Paulo criou mais uma bela chance. Aos 38, Lucas tabelou com Luciano, viu a frente livre e executou um belo chuta que exigiu do goleiro espalmar para escanteio e livrar a lavoura.
O final do primeiro tempo teve o São Paulo insistindo na maneira que descobriu ser possível jogar. Mas sem mais lances perigosos aos visitantes. Em contrapartida, o Nacional teve uma falta na entrada da área, cobrada na barreira. E o jogo seguiu com o placar magro para o intervalo.
E assim os uruguaios apareceram. Aos 25, Mauricio Pereyra recebeu na entrada da área e arriscou o chute, que acertou a trave de Rafael. Aos 33, foi a vez de Herazo receber passe dentro da área e experimentar a bomba, assustando. Dois minutos, mais uma oportunidade dos visitantes no veneno. Nico López cobrou falta da intermediária e o arqueiro tricolor teve de se esticar para evitar o pior.
Um abafa preocupante para o São Paulo, que após o gol só construiu uma jogada ofensiva de suspiros, aos 28, com Rato invadindo a área no contra-ataque e finalizando em cima do goleiro.
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