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PCC expulsa empresa de obras em córrego e atrapalha planos do São Paulo para reforma do Morumbi, diz jornal

Governador Tarcísio de Freitas e Casares em lançamento de obras do Córrego Antonico, em janeiro (Divulgação/Governo de São Paulo)

RAFAEL EMILIANO

São Paulo e WTorre ganharam um problema a mais para o projeto de entregar o Morumbi reformado, previsto para o centenário do clube tricolor, em 2030.

O jornal 'Folha de S. Paulo' revelou nesta terça-feira (3) que as obras de canalização do Córrego Antonico, que passa sob o estádio, estão paralisadas e ameaçadas.

Isso porque, de acordo com o periódico, a empresa contratada pela Prefeitura de São Paulo, de responsabilidade de Ricardo Nunes (MDB), foi expulsa da região da comunidade de Paraisópolis, zona sul paulistana, vizinha ao estádio, por ação do PCC (Primeiro Comando da Capital), maior facção criminosa que age no Estado.

De acordo com moradores locais entrevistados pela reportagem, criminosos da facção expulsaram os trabalhadores da empresa que atuavam na favela no início do mês. Os bandidos tomaram controle das áreas ao redor do córrego, que estavam limpas devido à remoção de casas desde 2022.

Imagens aéreas obtidas pela 'Folha' com um drone, comparadas com fotos de satélite anteriores, mostram novas construções nas margens do córrego, uma área de cerca de 500 metros que já estava desocupada após o trabalho da empresa contratada. Algumas novas residências estão quase concluídas, com telhados instalados, enquanto outras são barracos de madeira sendo erguidos.

Os moradores relatam que a construção de barracos de madeira é uma etapa preliminar antes da edificação de alvenaria, seguindo o padrão da favela. A Prefeitura retomou a demolição de aproximadamente dez casas construídas em áreas de risco às margens do Córrego Antonico somente nesta terça.

As remoções estavam condicionadas a uma decisão judicial, que foi obtida na véspera para reintegrar a posse ao município, conforme informou o secretário municipal de Habitação, Milton Vieira.

“Algumas famílias não quiseram sair, mas eram poucas, por isso esperávamos a reintegração de posse. Nesse intervalo, construíram algumas casas ali. Dizem que foi o PCC, eu não sei se foi, o que nós precisávamos era da decisão judicial, que saiu ontem”, afirma Vieira ao jornal.

Os residentes também afirmam que as novas famílias ocupando os espaços não pertencem à favela. Em vez disso, seriam pessoas trazidas por membros do PCC de outras áreas, possivelmente para pressionar o poder público com pedidos de indenização.

No entorno da área invadida, próxima à Rua Itajubaquara, os criminosos teriam colocado seguranças armados para impedir o retorno dos funcionários da empresa e representantes da Prefeitura. Os vizinhos também estariam intimidados pela presença armada.

O clima em Paraisópolis está tenso, exacerbado por uma suposta divisão interna dentro do PCC, o que estaria dificultando a comunicação entre o crime e as tradicionais lideranças comunitárias, ameaçando a representatividade local de forma sem precedentes.

A canalização do córrego Antonico é uma obra essencial para reduzir alagamentos em Paraisópolis e na região do estádio do Morumbi. Estima-se que aproximadamente 1 milhão de pessoas se beneficiarão do projeto, que é uma parceria entre a Prefeitura e o Governo do Estado. Enquanto isso, as obras em outras áreas fora da favela continuam.

A Prefeitura de São Paulo informou que as intervenções no córrego incluem “canalização, remoção de construções em áreas de risco, readequação de unidades habitacionais e implantação de redes de drenagem, água e esgoto, além de pavimentação”.

“Os seis trechos sob responsabilidade da Sehab (Secretaria Municipal de Habitação) receberão investimentos de aproximadamente R$ 113 milhões. Até o momento, cerca de R$ 30,6 milhões foram investidos em obras, desapropriações e indenizações”, diz nota à 'Folha'.

A Secretaria de Estado da Segurança Pública de São Paulo revelou que, no último dia 12 de agosto, um representante da empresa expulsa registrou um boletim de ocorrência na Delegacia Eletrônica relatando as invasões.

“O caso foi registrado como não criminal, por não haver relato de crime. A Polícia Civil vai apurar as denúncias citadas pela reportagem e se coloca à disposição das vítimas para ouvi-las e colher informações que possam auxiliar na identificação dos autores”, diz trecho da nota.

ALL NEW MORUMBA

O diretor de marketing do São Paulo, Eduardo Toni, prometeu em entrevista publicada pelo portal 'Globo Esporte' que o projeto de reforma do Morumbi, capitaneado pela WTorre, deverá, enfim, ser apresentado publicamente no início de novembro.

Deve ser o ponto final de uma novela que se arrasta desde o fim do ano passado, quando a 'Folha de S. Paulo' vazou por meio de uma colunista o acerto do Tricolor com a construtora, 'dona' da arena do Palmeiras e que também negocia a reforma da Vila Belmiro, do Santos.

A informação, até certo ponto, não é nova. O AVANTE MEU TRICOLOR revelou em maio que, após o Conselho Deliberativo aprovar o adiamento de apresentação do projeto, que o detalhamento seria apresentado no final do ano. Estimava-se dezembro, como a data do anúncio.

Em suas falas, publicadas no portal, Toni enfatiza também pontos que já tinham revelados pelo AMT. O São Paulo vetou o uso de grama sintética, um desejo da WTorre, e encaminhou para que o novo formato do Morumbi copie o modelo do River Plate no Monumental de Nuñez. Ou seja, o anel inferior será destruído para que o intermediário seja 'esticado' até o gramado, acabando com a pista de atletismo em torno do campo e diminuindo a distância dos torcedores. 

Entre o fim de 2022 e o começo do ano passado, o River simplesmente acabou com a pista de atletismo ao redor do gramado e criou para o lugar dois setores. A geral, atrás dos gols, será específica para suas barras bravas (como são chamadas as torcidas organizadas do país vizinho), sem assentos. Terá 23,3 mil lugares. Nas partes centrais, a ampliação das cadeiras numeradas e de sócios deixou os espaços com capacidade total de 57,7 mil pessoas.

Com as reformas, a casa do tradicional time portenho virou o maior estádio da América do Sul, com cerca de 83,2 mil de capacidade. O Morumbi, que já foi o maior campo de futebol particular do mundo, atualmente é o quinto da relação continental, para um público de 66.795 espectadores. 

Mais uma vez foi estimado o que o AMT já publicou: a capacidade ficaria entre 66 mil e 70 mil pessoas.

O que ainda não está definido são dois pontos: se o estádio será ou não coberto e quantas vezes por ano ele será liberado para a construtora realizar shows e eventos corporativos, uma maneira de recuperar o investimento feito.

O São Paulo quer manter a autonomia sobre quando jogar na própria casa. Para isso, justifica a assinatura de contrato com a Live Nation, promotora de eventos que agenda shows para o Morumbi em datas discutidas com o próprio clube.

Outros pontos menores que são discutidos é o número de cadeiras a serem repassadas à construtora e utilização do espaço em dias sem jogos.

De concreto até agora no projeto estão os planos para se construir um anfiteatro modular com capacidade para até 20 mil pessoas, no espaço do portão 1 do estádio, a entrada principal na Praça Roberto Gomes Pedrosa, onde poderão ser realizados eventos esportivos e palestras, sem impacto no gramado. Será criado também um estacionamento para cerca de 2 mil veículos, que poderá ser usado pelos sócios do clube. 

Ao 'GE', Toni reitera que parte do atraso pela divulgação do projeto se deve sobre questões burocráticas, como o tombamento do estádio e a captação de fundos para executar o projeto, esta a cargo da construtora. Estima-se um custo da obra entre R$ 500 milhões e R$ 800 milhões.

Além disso, a construtora vem avaliando junto às autoridades de São Paulo a viabilidade de fazer setores populares atrás dos gols para que torcedores possam assistir aos jogos em pé, atendendo um pedido do próprio presidente Julio Casares.

Internamente, fala-se que houve "precipitação" no anúncio da parceria (na verdade, a informação vazou no final de 2023 por uma colunista de jornal), ocorrido antes mesmo do poder público efetivar as obras no Córrego Antonico, que passa sob o estádio, na zona oeste paulistana.

O São Paulo espera o poder público realizar o mutirão de obras previstas para a região do Morumbi, como canalização dos afluentes da bacia do Córrego Morumbi, entre eles o rebaixamento do Córrego Antonico, que passa embaixo do estádio, e também a construção de piscinões e cisternas. As obras foram lançadas no final de fevereiro.

Desde o ano passado Casares realiza reuniões com o prefeito paulistano Ricardo Nunes (MDB). E este ano conseguiu em agosto a promessa do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) de que cerca de R$ 400 milhões serão investidos. O valor pode aumentar, já que pessoas influentes do Tricolor barganham a inclusão do pacotão de obras do novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) anunciado pela gestão federal de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A expectativa é que as licitações sejam abertas em novembro de 2024.

O atraso do poder público acabou ajudando a WTorre, que ganhou mais tempo para acertar os ponteiros com o Tricolor sobre o projeto final.

De qualquer forma, a urgência é grande. O início das obras só pode começar agora em 2025 e o plano do São Paulo é reinaugurar sua casa até o centenário, em 2030.

AS OBRAS NO ENTORNO DO MORUMBI

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) assinaram em janeiro várias obras de canalização e remanejamento do Córrego Antonico, que passa sob seu estádio, na zona oeste paulistana. Com as ações, o Tricolor poderá dar início à reforma de modernização de sua casa, anunciada no final do ano passado.

O Estado fará uma obra de escoamento com previsão de custo de R$ 117 milhões. Para esse item, a gestão contará com recursos federais e o início depende da liberação das verbas por parte do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) através do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

Pelo lado municipal, a gestão Nunes prevê remoção de famílias em Paraisópolis, comunidade próxima do Morumbi, entrega de moradias e construção de outro piscinão, na Praça Roberto Gomes Pedrosa, em frente ao estádio. O custo estimado é de R$ 327 milhões e será custeado inteiramente com recursos próprios da Prefeitura.

Além da reforma propriamente dita, a expectativa do São Paulo é que as obras solucionem de vez os problemas de enchente da região, que afetam o seu clube social. 

“O Governo do Estado vai fazer um trecho da canalização e um dos piscinões, então a gente vai investir R$ 117 milhões. É uma obra de vulto, muito importante para o combate às cheias, esperada há muito tempo e que vai beneficiar toda a região de Paraisópolis e do Morumbi”, afirmou Tarcísio. “É um grande sistema que se interliga e, quando a gente combate cheias aqui, ajudamos a combater também em outros mananciais e rios da cidade de São Paulo.”

A cerimônia no estádio também reuniu a secretária estadual de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende, gestores do Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daae).

O novo piscinão terá capacidade para armazenar mais de 44 milhões de litros de água – o equivalente a 18 piscinas olímpicas. A previsão é que a obra fique pronta em 2026 e beneficie mais de 1 milhão de moradores da região e locais com grande fluxo de pessoas, como o estádio e o clube social do São Paulo, o hospital Albert Einstein e as instituições de ensino Santo Américo e Visconde de Porto Seguro.

O reservatório ficará embaixo da Praça Alfredo Gomes, no extremo da Avenida Jules Rimet, e terá um formato circular, com mais de 27 metros de profundidade e 48 metros de diâmetro. Uma vez pronto, receberá as águas do Córrego Antonico, que se origina em Paraisópolis e passa sob o estádio do Morumbi e a Avenida Jorge João Saad.

Durante chuvas intensas, o piscinão vai acumular o excesso de água e proteger o sistema de drenagem urbana, mitigando riscos de alagamentos. Indiretamente, a obra também terá impacto positivo nas regiões próximas ao córrego Pirajuçara, onde o Antonico desemboca, e ao rio Pinheiros, que recebe as águas dos dois afluentes.

“Esta é uma das obras que o Governo do Estado faz visando a mitigação e o controle de cheias. Sempre temos que pensar em obras estruturantes e é o que estamos fazendo desde o início da gestão. Só no ano passado, fizemos a execução de mais de R$ 1,2 bilhão em obras em todo o estado”, disse a secretária Natália Resende.

Simultaneamente, o Governo do Estado também vai canalizar um trecho de quase um quilômetro do córrego Antonico e revitalizar a praça Alfredo Gomes. Também haverá a instalação de 1,1 km de galerias de drenagem no entorno. Após a conclusão das obras, a Prefeitura de São Paulo ficará encarregada pela operação do piscinão.

“Estamos falando de uma região onde vivem milhares de famílias e por onde circulam estudantes, pacientes, médicos, torcedores e fãs dos shows realizados no estádio. Esse investimento vai garantir mais qualidade de vida para todos e minimizar prejuízos causados pelos temporais cada vez mais frequentes”, destaca Mara Ramos, superintendente do Daee.

O planejamento do Governo do Estado para o novo piscinão foi feito em conjunto com a Prefeitura de São Paulo, que também vai implementar mais dispositivos de combate a enchentes na zona sul paulistana. Um deles será um segundo reservatório na praça Roberto Gomes Pedrosa, em frente ao portão principal do estádio do Morumbi, com capacidade para 133,6 milhões de litros de água – o equivalente a 53,6 piscinas olímpicas.

Os dois piscinões serão interligados pelo trecho canalizado pelo Governo de São Paulo. Juntas, as estruturas poderão reter mais de 177,6 milhões de litros de água.


 

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