RAFAEL EMILIANO
Quando a escalação do São Paulo foi divulgada, com três zagueiros e dois volantes, era preciso esperar começar o jogo para ver o posicionamento tático do time em campo para entender qual o plano de Luis Zubeldía.
E não tardou em se atestar o óbvio: o objetivo do Tricolor no Rio de Janeiro (RJ) era o de se defender do forte ataque do Botafogo. E sair com o empate para definir a vaga nas quartas de final da Copa Libertadores no Morumbi.
Bem, podemos dizer que missão dada é missão cumprida. E assim, com um verdadeiro ferrolho, o São Paulo segurou o empate sem gols no jogo de ida da eliminatória continental na noite desta quarta-feira (18).
E não há exageros em se destacar a retranca tricolor. Afinal o clube passou toda a etapa inicial sem uma finalização efetiva sequer ante o rival, que acertou duas bolas na trave seguidas e dava a impressão que a qualquer momento ia rachar o paredão paulista em seu estádio.
Só que o tempo foi passando e o que se viu foi um Tricolor equilibrando melhor sua proposta de jogo, chegando até a criar enfim chances no segundo tempo diante das alterações realizadas por ambos os lados.
Com o objetivo de não perder no Rio cumprido, resta ao Tricolor apresentar suas armas ante a sua torcida, no duelo de volta na próxima quarta-feira (25). Quem vencer se classifica. Novo empate leva a definição da vaga nos pênaltis.
Antes do jogo que vale o ano, contudo, o Tricolor tem um desafio frente o Internacional, às 18h30 (de Brasília) deste domingo (22), também no Morumbi, pelo Campeonato Brasileiro, quando deve entrar com reservas em campo.
O JOGO
Com a escalação mandada a campo, era de se esperar uma postura mais defensiva e pragmática do São Paulo. E foi exatamente o que se viu no Nílton Santos.
Não existe outro adjetivo a se qualificar o cenário senão massacre. Com três zagueiros postados na área, uma dupla de cabeças de área fazendo o paredão à frente, sobrava para os laterais ou arrancarem nos contra-ataques, ou fazerem a ligação direta para a dupla William Gomes e Lucas, aberta pelas pontas.
É uma ideia de jogo interessante (deveras respeitosa - para não dizer medrosa - com o time carioca, somos obrigados a admitir). Mas que, como reiteramos, se o objetivo era sair da capital fluminense com o empate, ok.
Você pode discordar e até não gostar, mas faz parte do jogo. E pelo menos no primeiro tempo foi extremamente eficaz, salvo algumas falhas posicionais.
E como era esperado, o bombardeio começou cedo. Haja coração, amigo tricolor. No primeiro lance, Savarino ganhou a bola na área após tabela botafoguense e finalizou para a defesa de Rafael.
Os mandantes tentavam. Primeiro, talvez intimidados com a formatação são-paulina, por bolas aéreas. Logo o trio defensivo anulou as jogadas. Depois, procuraram as jogadas de profundidade pelo meio. E a dupla de volantes impedia como dava.
Sobrava uma arma, que se mostrou de fato perigosa, a bola esticada na linha de fundo sobre os laterais tricolores. Realmente um ponto falho no São Paulo. Rafinha, quando subia, não voltava a tempo para recompor o seu lado defensivo. Welington, há muito jogando espetado como um ponta, se perdeu na função reativa.
Melhor para os botafoguenses, que quase abriram o placar nas duas melhores chances da etapa inicial assim, aos 34, quando acertaram travessão e trave na mesma sequência de jogada, originada na intermediária lateral da área pelo lado de Welington.
Antes do apito, contudo, mais três lances perigosos para o Glorioso, todas de chutes da entrada da área, uma artimanha que beirava o desespero para tentar furar o ferrolho tricolor, mas que levou, sim, perigo.
Na volta do intervalo, após o Tricolor não conseguir uma finalização efetiva de fato, Zubeldía mexeu como dava. Colocou Wellington Rato no lugar de Rafinha, ganhando fôlego por aquele lado e de fato mandando Lucas onde se queria ver, como opção de articulação pelo meio.
Foi o suficiente para dar mais movimentação ao time, por mais que as chances claras de gol teimassem em não aparecer. Mas, por outro lado segurou um pouco o alucinante ímpeto dos mandantes, deixando o time do Morumbi, ao menos, respirar. E crescer.
Com mais alterações feitas dos dois lados, o Tricolor enfim cresceu de produção e começou a apresentar suas armas. E após os 25 minutos, as chances efetivas apareceram. Primeiro, Luiz Gustavo aproveitou cruzamento de Michel Araújo e chegou batendo para boa defesa de John. Depois, o uruguaio apareceu bem e cruzou de novo na medida, mas desta vez Calleri, livre, perdeu o cabeceio com o goleiro batido.
Mas obviamente o Botafogo é um time de qualidade e conseguiu responder. Aos 32, de novo Rafael apareceu bem, defendendo um chute de Almada da entrada da área, na melhor chance dos mandantes na etapa final.
O jogo seguiu em seus minutos finais com a mesma toada da etapa inicial, um Botafogo mais agressivo à frente e um São Paulo retrancado novamente após dar um ímpeto que logo acabou. Mas o ferrolho foi mantido e novamente o time carioca não conseguiu furar o bloqueio, levando a decisão das quartas, de fato, para o Morumbi.
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