Jamal Lewis é um do bonde dos emprestados no Tricolor (Rubens Chiri/SPFC) |
RAFAEL EMILIANO
Com o contrato celebrado pelo São Paulo com a Galápagos Capital, empresa de investimentos que gerenciará um fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC), a promessa é que o clube do Morumbi passe, a partir do ano que vem, a viver um período de austeridade financeira.
No entanto, a promessa de um elenco 'bom e barato', frase que ficou cunhada no período de vacas magras vivida pelo rival Palmeiras no início do século, pode ser comprometida logo de cara, com as cláusulas que preveem a obrigatoriedade de compra dos quatro reforços tricolores na última janela de transferências, todos vindos inicialmente por empréstimo.
De acordo com o acordo do FIDC assinado, os gastos e investimentos com futebol pelo São Paulo não poderão passar de 50% da receita bruta anual ou de R$ 350 milhões — o limite será o menor dos dois valores.
Acontece que, conforme apurou o AVANTE MEU TRICOLOR, o custo para a compra em definitivo do quarteto (Jamal Lewis, Santiago Longo, Marcos Antônio e Ruan) pode comprometer quase metade do máximo que o clube poderá despender com o futebol profissional.
O custo dos quatro emprestados, se contratados em definitivo, beira os R$ 76 milhões. O que limita ainda mais a busca por nomes para reforçar o grupo no ano que vem.
Mas o São Paulo pode não ficar de vez com os quatro reforços trazidos por empréstimo? Mais ou menos...
O acordo do clube do Morumbi com os dois brasileiros prevê a obrigatoriedade da compra.
A mais cara das peças trazidas pelo Tricolor é o zagueiro Ruan. Para tê-lo por um ano, os brasileiros acertaram com o Sassuolo a taxa de compra de R$ 26,8 milhões. E o São Paulo precisa ficar em definitivo com o jogador caso ele atue em pelo menos 25 jogos. E a cota da partida é preenchida caso ele atue por mais de 45 minutos.
Marcos Antônio, vindo por cessão da Lazio, também tem obrigatoriedade de compra em definitivo. Isso se ele atuar em 50% dos jogos realizados pelo São Paulo nesse período de um ano de empréstimo. Aí o Tricolor terá que despender R$ 26,2 milhões para ficar com ele em definitivo.
Lewis chegou ao São Paulo em cessão de uma temporada, com valor fixado em R$ 15,6 milhões pelo Newcastle, da Inglaterra. O parcelamento do valor já está pré-definido, com três prestações anuais.
Sobre o volante Santiago Longo, o próprio Belgrano divulgou os termos do acordo. Caso queira adquiri-lo em definitivo, o acordo prevê dois preços.
Se o clube do Morumbi exercer sua prioridade até 15 de março do ano que vem, aproximadamente na data de encerramento da primeira fase do Campeonato Paulista, terá que despender ao Belgrano US$ 1,3 milhão (R$ 7,31 mi) por 80% dos direitos federativos.
O 'desconto' dos argentinos tem data de validade. Vai até 10 de julho de 2025, quando o valor de compra em definitivo de Longo sobe para US$ 1,8 milhão (R$ 10,12 mi).
Com os R$ 240 milhões previstos no FIDC, a ideia é pagar dívidas mais antigas com instituições financeiras, diminuindo os juros que são pagos atualmente.
O clube entende que diminuirá seus riscos e alongará o prazo, já que o dinheiro captado agora será usado para pagar dívidas antigas e só precisará ser devolvido (com juros) daqui a pouco mais de quatro anos.
Doze dos contratos de empréstimos atuais, somando R$ 194 milhões, foram usados para uma análise mais detalhada do panorama de endividamento bancário, incluindo a estimativa de um pagamento atual de R$ 38 milhões a R$ 48 milhões em juros.
Entretanto, é uma iniciativa diferente da mera captação de valores com terceiros, que não costuma alterar a maneira como o clube é gerido financeiramente. Existem travas na governança, que limitarão os gastos e o quanto o clube pode contrair em novas dívidas. Há cinco restrições que precisarão ser cumpridas durante a vigência do fundo. E uma delas é a restrição nos gastos com o futebol profissional.
Entretanto, caso esses limites sejam violados, a tendência é de que as consequências sejam brandas, ao menos nas primeiras vezes.
As três possibilidades previstas são (1) não tomar nenhuma ação; (2) proteger os investidores com alguma medida como a aceleração da amortização da cota sênior; ou (3) a liquidação antecipada do fundo. A decisão será tomada numa assembleia de cotistas convocada nesses casos.
* Matéria editada às 1h29 (de Brasília) para correção de informações
0 Comentários