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Casares diz que FIDC "não é camisa de força" e cobra futebol: "Terá que ser muito mais criativa do que é"

Mandatário tricolor assiste treino ao lado de Muricy Ramalho (Instagram)

RAFAEL EMILIANO

Com o contrato celebrado entre São Paulo e Galápagos Capital, empresa de investimentos que gerenciará um fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC), a promessa é que o clube do Morumbi passe, a partir do ano que vem, a viver um período de austeridade financeira.

Mas nada de 'bom e barato', frase que ficou cunhada no período de vacas magras vivida pelo rival Palmeiras no início do século, conforme o próprio presidente Julio Casares.

Em entrevista concedida à imprensa durante visita ao CT de Cotia na semana passada, o mandatário tricolor tratou de explicar que o FIDC não será, em suas palavras, "uma camisa de força".

"Não é uma camisa de força, nós temos regras orçamentárias e vamos ter de cumpri-las, mas como nosso marketing também é muito ostensivo, a cada novo contrato você vai trazer um benefício de elevação financeira, como se fosse modular, para que a área de futebol possa ter sua tranquilidade. Quando vender jogadores também, e quando trouxerem contratos como o São Paulo fez com naming rights, patrocínios, Live Nation… O São Paulo tem que ser criativo em todas as áreas e eu não acredito que isso venha obstar a competitividade", disse.

De acordo com o acordo do FIDC assinado, os gastos e investimentos com futebol pelo São Paulo não poderão passar de 50% da receita bruta anual ou de R$ 350 milhões — o limite será o menor dos dois valores.

"Quando chegamos em 2021, estávamos em meio a uma pandemia, com quatro processos na Fifa, quase transfer ban, e o São Paulo foi campeão paulista. Depois, em 2022, com orçamento enxuto e criatividade da área de futebol, chegamos em duas finais. Em 2023, o time foi campeão da Copa do Brasil. Em 2024, da Supercopa. Há a possibilidade de continuar competindo. A área de futebol terá que ser muito mais criativa do que é, e está sendo muito, é só ver as contratações. Sempre gosto de dar exemplos: como o Alisson chegou, como foram promovidos os garotos da base, enfim. Toda essa dinâmica continua", explicou Casares.

Com os R$ 240 milhões previstos no FIDC, a ideia é pagar dívidas mais antigas com instituições financeiras, diminuindo os juros que são pagos atualmente.

O clube entende que diminuirá seus riscos e alongará o prazo, já que o dinheiro captado agora será usado para pagar dívidas antigas e só precisará ser devolvido (com juros) daqui a pouco mais de quatro anos. 

Doze dos contratos de empréstimos atuais, somando R$ 194 milhões, foram usados para uma análise mais detalhada do panorama de endividamento bancário, incluindo a estimativa de um pagamento atual de R$ 38 milhões a R$ 48 milhões em juros.

Entretanto, é uma iniciativa diferente da mera captação de valores com terceiros, que não costuma alterar a maneira como o clube é gerido financeiramente. Existem travas na governança, que limitarão os gastos e o quanto o clube pode contrair em novas dívidas. Há cinco restrições que precisarão ser cumpridas durante a vigência do fundo. E uma delas é a restrição nos gastos com o futebol profissional.

Caso esses limites sejam violados, a tendência é de que as consequências sejam brandas, ao menos nas primeiras vezes. 

As três possibilidades previstas são (1) não tomar nenhuma ação; (2) proteger os investidores com alguma medida como a aceleração da amortização da cota sênior; ou (3) a liquidação antecipada do fundo. A decisão será tomada numa assembleia de cotistas convocada nesses casos.

“Tínhamos isso previsto: primeiro mandato era devolver a autoestima do torcedor, organizar a estrutura, trazer compliance, ter um marketing efetivo e isso tudo aconteceu. Estádios lotados, recorde de público, voltamos a ganhar clássicos. Agora, são dois pilares: aspecto financeiro que já estamos atacando e a base. A base vai ser nossa estratégia daqui para frente até porque precisamos melhorar nossa qualidade de jogadores nível A, vamos olhar o mercado também, jogadores que querem vir para cá. Vamos lutar para captar com nossos captadores grandes talentos espalhados pelo Brasil", completou o presidente são-paulino.



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