Camisa 7 durante partida neste ano (Pedro Vilela/Getty Images) |
RAFAEL EMILIANO
@rafaelemilianoo
Pela primeira vez na carreira Lucas sentiu na pele os efeitos do encaixotado calendário brasileiro. Sofreu três contusões sérias, uma delas no ano passado, além de um período afastado no início do ano, para que melhorasse a condição física. Somado os períodos afastados neste ano, foram 17 jogos fora entregue ao Reffis. Situação que faz o meia-atacante, hoje com 32 anos, repensar alguns posicionamentos.
"Eu queria jogar todos os jogos, é o que eu amo fazer, mas precisamos ser inteligentes", disse o camisa 7 em entrevista à 'Placar'.
Lucas elenca alguns fatores que motivaram a sequência inédita de contusões. Calendário, desgaste das viagens e os gramados. Sim, os gramados. Foi no artificial da arena do rival Palmeiras que o camisa 7 sofreu uma das piores contusões, no ano passado. Situação que claramente foi agravada pelo acúmulo de jogos.
"Estamos muito atrás nesse sentido. Os jogadores sentem na pele. Eu raramente sofri com lesões na Europa", disse.
Meia de formação, Lucas passou a jogar como ponta-direita assim que subiu ao profissional do São Paulo, por causa da velocidade. Foi somente no Tottenham, com José Mourinho, que o brasileiro voltou a jogar centralizado. E assim retornou ao São Paulo. “Eu sempre fui um camisa 10 de origem na base. Eu me sinto à vontade no meio, gosto de participar do jogo e ter essa liberdade de baixar e acelerar”, afirma.
“Jogo até de lateral, se precisar”, brinca, lembrando que atuou na posição de forma esporádica pelo Tottenham, e acaba com qualquer discussão ou polêmica recente sobre onde gosta de atuar. “Eu sou muito coletivo, penso sempre no time. Tudo o que eu faço, me preocupo muito com os outros e sou até criticado por isso, dizem que eu deveria ser mais egoísta.”
Lucas também condena a arbitragem nacional, que “pica demais o jogo com faltinhas”, mas, mantendo a fama de bom moço, admite que os atletas poderiam contribuir mais para o espetáculo.
“Eu toco bastante nessa tecla. Qualquer falta enrola muito para recomeçar o jogo, perde-se tempo reclamando com o juiz. Quando vai para o VAR, sempre se forma um bolinho em volta do juiz, gasta-se muita energia com isso”, diz. “Precisamos melhorar um pouco nossa cultura, né? Infelizmente ainda tem muita cera, simulação, gandula que some com bola quando o time está ganhando, juiz que às vezes é mais caseiro. Lá na Europa não se vê tanto isso.”
Foram essa postura e a personalidade, além das grandes atuações, que levaram Lucas Moura de volta à seleção brasileira após seis anos esquecido. O trunfo está no comando do técnico Dorival Júnior, seu treinador no título da Copa do Brasil do ano passado. Ele sonha, inclusive, em estar na Copa de 2026, apesar de preterido para os jogos contra Chile e Equador.
"Acho que é possível, sim. Eu me vejo na seleção. Sempre foi um sonho jogar uma Copa, e, quando eu voltei para o São Paulo, tinha esse objetivo. Estou novo ainda, me sinto bem fisicamente. Tenho muita lenha para queimar e acredito que posso ajudar bastante. Vou trabalhar e me esforçar ao máximo para alcançar 2026", completou.
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