Ex-jogador diz que o Inter conseguiu melar acordo entre São Paulo e Betis para a final do torneio
Ricardo Oliveira era o principal nome do ataque do São Paulo na decisão do título da Copa Libertadores de 2006 contra o Internacional de Porto Alegre. O atacante, porém, não atuou no segundo jogo das finais porque seu contrato tinha terminado. Isso aconteceu porque a Conmebol adiou a partida 2 das finais, criando esse impasse com Oliveira no São Paulo. O agora ex-jogador diz que o Inter agiu nos bastidores para impedir que ele jogasse a partida final.
Sem Ricardo Oliveira em campo, Inter e São Paulo empataram por 2 a 2 no Beira-Rio, e o clube gaúcho ficou com o título após ter vencido o primeiro duelo por 2 a 1 no Morumbi.
Ricardo Oliveira explica como o Inter fez para tirá-lo de campo. Oliveira estava emprestado pelo Betis. Ele conta que São Paulo e Betis estavam acertando a prorrogação do vínculo por mais alguns dias, justamente para que pudesse participar da final da Libertadores. As conversas estavam avançadas e havia o entendimento de que não teria problema em prorrogar o contrato, comentou Oliveira.
No entanto, paralelamente, o Betis negociava as contratações de Rafael Sóbis e Jorge Wagner, ambos do Inter.
O ex-atacante tricolor diz que o então presidente do Inter, Fernando Carvalho, apertou o Betis no sentido de que só negociaria Sóbis e Wagner se os espanhóis vetassem a presença de Oliveira na partida decisiva da Libertadores. Os dois atletas colorados seguiram para o clube da Espanha depois da Libertadores.
“Eu realmente tinha a esperança de viajar, inclusive no dia do jogo. A situação foi que a Conmebol adiou a data do segundo jogo da final da Libertadores e eu fiquei sem contrato. O meu contrato iria até a data da final da Libertadores, do segundo jogo. E aí teve esse problema. O Betis negociando com o Internacional a compra do Rafael Sóbis e do Jorge Wagner, e o presidente do Inter (Fernando Carvalho) jogou o jogo, falou que iria fazer negócio, mas não era para liberar o Ricardo para jogar esse jogo e esse foi o acordo entre Betis e Inter", comentou Ricardo Oliveira ao UOL Esporte.
Oliveira disse que o presidente do Betis inicialmente dava como certa a ampliação do vínculo com o São Paulo. No entanto, o dirigente parou de responder. Oliveira acreditava em um acerto até poucas horas antes do jogo.
"Tentamos de todas as formas e eu intercedendo liguei para o presidente (Betis), tentei convencer ele. Eu disse: ‘Cara, deixa eu te falar, eu vim para o Brasil, operei o joelho, paguei, eu arquei com esse custo, eu paguei do meu bolso, me recuperei, o São Paulo está me devolvendo 100% em condições de competir, de jogar, de entregar o meu melhor. Em forma de reconhecimento por tudo isso e gratidão, me libera para jogar esse jogo’. Sabe o que ele falou para mim? Você tem razão, pode deixar que eu vou liberar você para jogar. Então é por isso que eu acreditei até no dia do jogo que eu iria jogar. E aí quando passou o tempo e eu vi que nada, falando com o pessoal do São Paulo, esquece, não não tem mais nem tempo. Palavras ao vento. Poderia ter me liberado para jogar. Aí ele falou para mim que não dava, precisava desses atletas, estava fechado e o presidente do Inter apertou", completou Oliveira.
Ex-presidente do Inter revelou outra tática nos bastidores
Em 2020, Fernando Carvalho negou que tivesse convencido o Betis a não liberar Oliveira para defender o São Paulo na final da Liberta daquele ano. O ex-dirigente disse que a estratégica extracampo foi outra. Ele afirma ter solicitado a ajuda de um advogado ligado ao Palmeiras para plantar uma notícia dizendo que São Paulo e Betis poderiam ter problemas na FIFA caso estabelecessem um novo acordo projetando a disputa do duelo no Beira-Rio.
O advogado deu a entrevista para uma rádio e a declaração repercutiu na imprensa. Carvalho pegou uma notícia sobre o assunto e enviou um fax anônimo para o presidente do Betis. A intenção era fazer com que o dirigente espanhol melasse o acordo com o São Paulo com medo de possíveis retaliações da FIFA.
“O São Paulo acertou a renovação e depois rescindiria o contrato. Eu descobri isso e combinei com o advogado do Palmeiras que desse uma entrevista sobre o que significaria isso. Estaria burlando a lei da Fifa. Ou o São Paulo devolvia o jogador, ou o Betis seria punido. Foi feita a entrevista, repercutiu. Eu tirei um xerox e enviei por fax ao presidente do Betis. Mandei anônimo. Com aquilo, ele não assinou. Eu estava focado, cuidando de todos os detalhes”, conta Fernando Carvalho, em entrevista para a RBS, em 2020.
Um dia após o Inter vencer o jogo de ida por 2 a 1, o presidente do Betis emitiu um comunicado oficial informando que o clube não chegaria a um acordo com o São Paulo por Ricardo Oliveira.
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