Casares e Belmonte no Morumbi, antes de jogo neste ano (Instagram) |
RAFAEL EMILIANO
@rafaelemilianoo
Os reflexos da informação de que a gestão do futebol profissional do São Paulo estaria insatisfeita com o teto de gastos que será implantado pelo FIDC (fundo de investimento em direitos creditórios) com a Galápagos ganhou novos capítulos nesta sexta-feira (13).
De acordo com o portal 'Arquibancada Tricolor', o presidente Julio Casares estaria descontente com a reclamação vinda da Barra Funda e com isso já estaria discutindo internamente a saída de Carlos Belmonte da direção do futebol.
Segundo o sítio, existe sim uma visão divergente entre as partes sobre as políticas financeiras que serão adotadas nos próximos anos. "Essa é a primeira vez em quatro anos de gestão que o São Paulo Futebol Clube repensa o comando do futebol", escreveu.
A polêmica começou na quinta-feira (12), quando o jornalista Paulo Vinícius Coelho trouxe no portal 'UOL' a informação de que o comando da Barra Funda tentaria nos próximos dias afrouxar o limite de investimentos no time principal do Tricolor imposto no acordo junto com Casares.
De acordo com o portal, há desacordo entre o departamento de futebol e Casares, que teria acertado as cláusulas de restrição orçamentária sem falar com o CT da Barra Funda.
Ainda segundo PVC, a argumentação do departamento de futebol será a de que apenas 37% do total do déficit de R$ 191 milhões que o São Paulo apresentou até setembro (o esperado era de R$ 21 milhões).
De acordo com fontes ouvidas pelo jornalista, parte dessa porcentagem seria referente à não negociação de jogadores do plantel profissional estimadas na previsão orçamentária para esse ano.
O AVANTE MEU TRICOLOR já revelou que, na verdade, o não cumprimento da meta estimada de venda de atletas correspondia a 18% do total do déficit até julho, última data que a reportagem teve acesso aos dados. Nos sete primeiros meses deste ano, o São Paulo estimava arrecadar R$ 108 milhões com negociações, mas obteve apenas R$ 35 milhões.
"O Belmonte vai se sentar com o fundo e dizer que não tem como cumprir o valor limite estipulado", disse PVC. Segundo fontes ouvidas por ele, a maioria do déficit apresentado pelo São Paulo no ano vem de outras frentes, como o clube social e os juros das dívidas bancárias.
O jornalista ainda completou ao portal que haveria o diagnóstico de que o Tricolor não teria como montar uma equipe competitiva e disputar títulos com a limitação orçamentária. E que contratações teriam que ser feitas às pressas para o segundo semestre caso os resultados esportivos deixem a desejar neste começo do ano.
A informação da insatisfação pelo limite de gastos do fundo de investimentos aparece após dois movimentos acontecerem com o São Paulo neste prenúncio de janela de transferências. O clube viu dificuldade de iniciar negociações para contratar reforços e subitamente acompanhou diversos nomes de seu elenco serem sondados por outras equipes. Ao AMT, dirigentes já haviam falado em 'incômodo' pelo fato da imagem passada ao mercado ser "de desespero".
Louco após as informações de PVC virem à tona, a diretoria de futebol do São Paulo divulgou por meio das redes sociais oficiais do clube uma nota oficial desmentindo o jornalista.
O texto, assinado em conjunto pelo quarteto que comanda o futebol profissional na Barra Funda (Carlos Belmonte, Rui Costa, Nelson Ferreira e Fernando Bracalle Ambrogi), diz contestar as informações divulgadas.
"O departamento de futebol teve uma reunião com os gestores do fundo Galápagos para buscar soluções para o cumprimento do teto orçamentário de R$ 350 milhões por ano, encontro este considerado positivo por todos", diz.
"Agora, o clube projeta manter o time competitivo e iniciar o projeto de equilibrar finanças, com o apoio irrestrito do departamento de futebol", completa.
"É importante também reforçar que não há qualquer desentendimento do departamento de futebol com o presidente Julio Casares. Sobre o déficit deste ano, o departamento de futebol desconhece um prejuízo oriundo do clube social. Por fim, o departamento de futebol desconhece quaisquer assuntos alheios e projetos políticos", finaliza.
Apesar do jornalista e do veículo não serem citados nominalmente, refere-se às informações divulgadas por PVC em live do referido portal.
O FIDC deverá captar receitas de investidores e substituir empréstimos bancários por uma única dívida, esta com o fundo criado. Ele captará dinheiro no mercado, com pagamento em dezembro de 2028, mediante aplicação de juros, com contratos do clube oferecidos como garantia, como patrocínios, licenciamentos, direitos de transmissão, programa de sócios-torcedores e vendas de jogadores.
Com os R$ 240 milhões previstos, a ideia é pagar dívidas mais antigas com instituições financeiras, diminuindo os juros que são pagos atualmente.
Entretanto, é uma iniciativa diferente da mera captação de valores com terceiros, que não costuma alterar a maneira como o clube é gerido financeiramente. Existem travas na governança, que limitarão os gastos e o quanto o clube pode contrair em novas dívidas. Há cinco restrições que precisarão ser cumpridas durante a vigência do fundo. E a principal delas são que os gastos e investimentos com futebol não poderão passar de 50% da receita bruta anual ou de R$ 350 milhões — o limite será o menor dos dois valores.
0 Comentários