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A alegria voltou: argentino reverteu maré ruim (Rubens Chiri/SPFC) |
RAFAEL EMILIANO
@rafaelemilianoo
Há alguns jogos atrás, uma cara carrancuda, de quem ouviu vaias e ofensas, de alguém que estava pressionado, que viu diretores do time que trabalha conversarem nos bastidores com aspirantes ao seu cargo, que se descontrolou com uma mera pergunta de repórter...
Mas nesta quarta-feira (23), tudo mudou. Luis Zubeldía era a pura imagem de um homem aliviado. E acima de tudo feliz. Pudera, o São Paulo parece mesmo ter se livrado do estigma. E o que era uma castigante série sem vitórias, tornou-se sete jogos invictos com os 2 a 0 sobre o Libertad, fora de casa, resultado que deixa o Tricolor na liderança do Grupo D da Copa Libertadores.
Se Zubeldía é ou não o responsável pela mudança, não temos como cravar. Mas fato é que o treinador justamente colheu os louros na entrevista coletiva após a partida. E, se o clima de um 'vocês vão ter que me engolir' não foi a tônica, pelo contrário, a ponderação deu sim espaço a um tom mais otimista e de auto satisfação por parte do argentino, que reiterou a confiança na melhora são-paulina com o tempo e a ambientação aos sete desfalques (seis deles de titulares).
"Não é um momento de pressão. Futebol tem essa expressão porque há muitas coisas. A paixão está em jogo. O econômico está em jogo, a história está em jogo. Futebol representa muito na sociedade. Não é que sou advogado e defendo. Simplesmente faço o que creio. Se estão criticando alguém cedo demais, digo "calma, vão ver no decorrer dos dias, meses, anos.. Vamos melhorar". Foi apenas uma conversa com a torcida (organizada, a Independente, no CT) e temos que lidar de maneira natural. Não passa disso", disse.
"Acho que fomos acomodando as peças, digamos, para um melhor funcionamento, sempre com o princípio fundamental de jogar bem o futebol, apresentar o que de melhor pede o futebol brasileiro, associado, tratando bem a bola, jogadores habilidosos pelos lados, fazendo duplas com laterais", apontou o argentino.
"Basicamente, esse principio de tratar bem a bola. E ter fluidez para penetrar pelo lado direito, pelo lado esquerdo, pela zona central. É o princípio fundamental. O segundo é ser um time bastante organizando, com dois blocos de 4. Às vezes temos a flexilidade de somar à defesa um dos extremos para ter um time amplo", disse.
Com 12 jogos sem perder, o São Paulo alcançou a maior sequência invicta de sua história na competição continental. O Tricolor não sabe o que é derrota desde 4 de abril de 2024, quando foi superado pelo Talleres-ARG, em Córdoba, por 2 a 1. Desde então, são sete vitórias e cinco empates. Zubeldía, aliás, nunca perdeu no torneio à frente da equipe.
"São dados que não gosto, e digo com toda sinceridade, me incomoda essa situação de dado. Creio que o mais importante, e eu digo com toda a sinceridade, como sempre digo as coisas, são as 3 Libertadores que têm o São Paulo e os três mundiais que têm o São Paulo. Isso está acima de qualquer outro registro. E o que tratamos agora em 2025 é poder representar essa história rica da melhor maneira. É um time em reconstrução, como falamos há um tempo atrás. Hoje, cabe dizer, foi um jogo difícil, com todos os ingredientes. Podiam empatar no pênalti, podíamos ter feito o gol no primeiro tempo, mas houve jogadas da equipe que me representam e acho que representa algo do São Paulo que todos imaginamos. É um passo mais para o que queremos na Libertadores. Vir aqui e ganhar não é fácil. Pela história do são Paulo deveria ser assim, mas não é fácil. Eu trabalhei no Paraguai, no Cerro Porteño, e fui despedido do Cerro por perder as oitavas de final para o Palmeiras. Para eles, representam muito. Não é fácil jogar aqui e ganhar. E para nós, pela história, indica que temos que ir por esse caminho", completou.
Se resultados como o desta quarta mostram que Zubeldía conseguiu reverter em campo um cenário desfavorável à sua própria permanência no Morumbi, também indicam uma mudança até na escolha das peças. Principalmente na oportunidade aos meninos da base, algo pelo qual vinha sendo constantemente cobrado. E no final parece ser justamente o que aliviou a sua barra.
"Tratar para saber de onde estão, ter paciência. Vocês sabem que as redes sociais fazem um trabalho importante e às vezes nocivo para os esportivas. Para todos. tem de regular um pouco a ansiedade. Chega na primeira divisão, já querem jogar, querem ser importantes. Tem de acalmar um pouco os jovens. Trabalhar, mostrar evolução, com humildade, e depois jogar para o grupo. Aí passa a ser importante para o grupo. Mas o São Paulo trata bem essa parte. Tem boas pessoas. E aí é muito mais fácil cuidar dos garotos", disse.
"Acho que foi ir conhecendo os jogadores, a realidade é essa. E nesse tempo alguns vão estando cada vez melhores. E ainda faltam alguns jogadores que podem dar mais ao time e não estão jogando agora, mas podem jogar, como é o caso do Igor, por exemplo, do Ryan, do Rodriguinho. É um bom ponto de partida e vamos seguir trabalhando", concluiu.
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