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ROMBO FINANCEIRO DETALHADO: Presidente do São Paulo explica déficit de R$ 287 milhões em balanço de 2024

Julio Casares justificou as dívidas do Tricolor na última temporada (Foto: Reprodução/Instagram)

MARCIO MONTEIRO
@avantmtricolor

O presidente do São Paulo, Julio Casares, detalhou o atual rombo financeiro do clube, que teve seu balanço financeiro apresentado ao Conselho Deliberativo na noite desta terça-feira (8).

Segundo os números divulgados, o Tricolor fechou o ano de 2024 com déficit de R$ 287 milhões, o maior desde que Julio Casares assumiu a presidência, no final de 2020. 

Assim, a dívida total do São Paulo é calculada em R$ 968,2 milhões. A votação eletrônica para aprovação ou rejeição das contas pelo Conselho vai até às 17h (de Brasília) desta quarta-feira (9).

Entre as justificativas de Casares pelo aumento da dívida tricolor, ele cita a manutenção de um time competitivo, destacando as lesões de Pablo Maia e Nestor que impossibilitaram suas vendas, pagamento de altos juros bancários e multas, além de despesas com a base. 

O presidente do São Paulo publicou em suas redes sociais grande explicação sobre a reunião que teve com o Conselho na noite desta terça-feira, mas é claro que também tentou se defender já das críticas, ressaltando os valores que o clube tem a receber futuramente. 

“Até 2030 temos R$ 2,026 (MAIS DE 2 BILHÕES) de recebíveis garantidos, sem contar com vendas de atletas, bilheterias, sócio torcedor, investimento estratégico na base, patrocínios diversos etc…QUE NÃO ESTÃO CONTEMPLADOS NO VALOR ACIMA! Entregaremos uma ótima situação para os futuros gestores em 2027! Algo inédito na vida do clube. Tudo devidamente demonstrado na Reunião do Conselho Deliberativo que terminou agora a pouco!”, disse Casares.

Confira, na íntegra, tudo o que esclareceu o presidente são-paulino sobre o balanço financeiro de 2024:

“São-paulinas e são-paulinos, acredito que a melhor maneira para eu me comunicar com vocês e transmitir essa radiografia do que acontece e do que está por vir no nosso amado clube seja por aqui. Vou tentar explicar todos os pontos, até para evitar que informações ou cortes tendenciosos criem ruídos. Então, vamos lá.

Hoje, após seguir os trâmites internos e ser auditado por uma empresa externa, o balanço de 2024 será apresentado ao Conselho Deliberativo. É claro que o resultado não é o que gostaríamos, mas temos um planejamento para estancar a sangria da dívida e deixar o São Paulo Futebol Clube com mais musculatura para quem me suceder e para o centenário, em 2030.


O déficit alto (R$ 287 milhões) é resultado de alguns fatores. Os principais são:

1 – Manutenção de um time competitivo (evitamos ao máximo vender jogadores, sendo que dois dos nossos principais ativos sofreram lesões na última temporada – Pablo Maia e Nestor);

2 – Pagamento de juros bancários oriundos da dívida e de empréstimos contraídos pela necessidade de manter o fluxo de caixa para pagamentos rotineiros e de curto prazo.

Com a detecção de tais fatos, criamos um planejamento para reverter tal situação e estancarmos a dívida. O SPFC criou o seu fundo em parceria com a Galapagos Capital e Outfield. Tal produto foi bem aceito pelo mercado financeiro. Já captamos R$ 135 milhões nestes primeiros meses, a verba foi utilizada para pagamentos de dívidas, tributos e fluxo de caixa. Nos próximos meses, vamos aportar mais contratos futuros para a antecipação e a liberação de receitas.

O marketing tem trabalhado arduamente e alcançado excelentes resultados para criarmos novas receitas. O contrato de patrocínio máster terá um aumento significativo, temos receitas garantidas até 2030, com acordos longos já visando o nosso centenário. Até mesmo os naming rights do estádio, um negócio que era visto com descrédito e difícil de conseguir fechar por muitos, foi conseguido com valos expressivos, com o Morumbis virando um case de sucesso na área. O acordo de direitos de transmissão feito com a Libra também trará recursos importantes para o clube nos próximos anos.

O SPFC criou também ações estratégicas para fomentar a base e para o impulsionamento da formação de jogadores e de recursos. O trabalho nas categorias de base também ficou mais caro e o jogador brasileiro passou a ser negociado ainda mais cedo, antes de subir para o time principal. Criou-se agora um novo tipo de mercado. Entendemos essa mudança e nos adaptamos. E os primeiros resultados esportivos já começaram a aparecer, com os títulos do sub-20 da Copa do Brasil em 2024 e da Copinha neste ano.

Trabalhamos também para deixar o Morumbis e a região ainda mais confortáveis e valorizadas para o torcedor e associado. Fizemos inúmeras reuniões com as autoridades. E hoje, com a ação conjunta da prefeitura e do governo do estado, a importante obra do córrego Antonico está sendo feita para evitar as enchentes na região. Ou seja, em 2030 a região estará ainda melhor para os são-paulinos e os paulistanos em geral.

Talvez você não saiba, mas muitos desses empréstimos para serem obtidos precisaram até mesmo do meu aval pessoal, colocando meus bens em risco.

3 – Pagamento de tributos e multas, alguns ainda oriundos da pandemia e que resultaram quase R$ 90 milhões negativos;

4 – Mudança de como a base passou a ser registrada, não constando mais como investimento e sim como despesa e onerando a dívida em cerca de R$ 40 milhões.

Além de tudo isso, o mercado do futebol inflacionou exponencialmente nos últimos 5 anos, com o surgimento das SAFs e as casas de apostas aportando mais dinheiro nos clubes. Desta forma, para nos mantermos competitivos, precisamos aumentar alguns investimentos e usar a criatividade. Hoje o futebol está mais caro. Um valor que antes era suficiente para pagar o salário de um jogador considerado de elite passou a ser um custo pouco acima da média, por exemplo. Prova de que nos mantivemos competitivos são as cinco finais disputadas e os três títulos conquistados nos últimos quatro anos.

Além de tudo isso, passamos a rever a cultura interna e os procedimentos de administração geral em todos os departamentos. Sem deixar de manter a equipe competitiva, com contratações importantes, como a do Oscar, trabalhamos para reduzir os custos e aumentar a eficiência.

O processo será longo e não é simples e nem fácil de atravessar. Mas juntos vamos passar por tudo e trabalhar para deixar o São Paulo Futebol Clube ainda mais forte.”

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