Ex de Casares e chefão de Cotia perdem cargos no São Paulo após serem denunciados por esquema ilegal de venda de camarotes no Morumbi

Mara Casares durante evento no clube social do Tricolor (Instagram)

O São Paulo não tem um dia de paz. E o escândalo da vez no clube veio na manhã desta segunda-feira (15), com a revelação de que Douglas Schwartzmann, responsável pelas categorias de base do clube, e Mara Casares, ex-mulher do presidente Julio Casares e diretora cultural e de eventos, estariam comercializando ilegalmente ingressos para camarotes do Morumbi durante a realização de um show.

Como consequência, ambos pediram licença de seus cargos. Em nota, o São Paulo informou que “tomou conhecimento do conteúdo do áudio por meio da imprensa e que realizará a devida apuração dos fatos.” “Com base nessa análise, o clube adotará as medidas que se mostrarem necessárias”, diz o texto.

Troca de mensagens por áudio reveladas pelo ‘Globo Esporte‘ apontam que Schwartzmann e Mara venderam ingressos de forma irregular para um camarote cedido por Marcio Carlomagno, atual CEO do Tricolor e provável candidato à presidência na eleição de 2026.

O fato ocorreu em fevereiro deste ano, como mostra um processo que corre na 3ª Vara Cível do Foro Regional IX – Vila Prudente, ao qual o AVANTE MEU TRICOLOR teve acesso. O show em questão foi o da cantora colombiana Shakira, ocorrido no Morumbi, e o camarote é chamado de “3A”, que fica ao lado do camarote da presidência no estádio.

Na ação judicial, é descrito que Schwartzmann e Mara repassaram a uma intermediária o direito de uso do camarote. Rita, por sua vez, faturou mais de R$ 130 mil vendendo ingressos para o concerto, com cada bilhete saindo por mais de R$ 2 mil.

No entanto, a intermediária acabou ‘complicando’ o esquema depois que entrou na Justiça contra outra empresária, alegando que ela pegou um envelope com 60 ingressos para o show de Shakira sem sua autorização.

De acordo com a primeira intermediária, a segunda citada comprou as entradas por R$ 132 mil, mas só pagou R$ 100 mil, o que fez com que ela não autorizasse a entrega do envelope citado.

Justamente por isso, a denunciante foi à Polícia Civil e abriu um boletim de ocorrência no 34º DP (Vila Sônia).

Ao tomarem conhecimento do tema, Schwartzmann e Mara passaram a pressionar a denunciante para que retirasse a ação contra a envolvida, antes que o esquema de venda do camarote fosse tornado público.

As conversas telefônicas entre as partes foram registradas e acabaram vazando em reportagem do ‘Globo Esporte‘, publicada nesta manhã. Em um dos trechos divulgados, Schwartzmann admite que a venda do camarote era feita de “forma clandestina” e acusou a envolvida de estar “queimando pessoas”.

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Você nunca soube que aquilo era feito de forma clandestina? A palavra é essa. Ou você não sabia? Você sabia ou não?”, questionou Douglas.

Nós três sabemos como foi feito. Você não é boba, nem eu, nem ninguém. Isso foi feito de forma indevida. De forma não normal. Não é normal. Foi feito um favor. E você está gastando um favor, queimando as pessoas que te ajudaram”, seguiu.

O erro seu lá atrás deu um prejuízo, acabou. Não tem recuperação, querida. Não tem. Todo mundo perdeu ali. Agora, você quer prejudicar a Mara (Casares) e o Marcio (Carlomagno)? É isso?”, acrescentou, antes de admitir que também ganhou direito no esquema irregular.

“E vou repetir uma coisa. Você é uma pessoa que a Mara (Casares) confiou. Eu só entrei nisso porque a Mara me garantiu que você era de total confiança. Desde o primeiro dia que eu te falava isso. Não podemos fazer coisa errada aqui. Então, teve negócio que você ganhou dinheiro, eu ganhei, todo mundo ganhou. Mas foi feito tudo na confiança”, salientou.

Coisa errada? Errou, tem que comer com farinha. Não tem jeito, querida. Não tem outro jeito. Não tem outro jeito. Não tem”, bradou.

Schwartzmann também sugere à denunciante diversas vezes para que a intermediária entre em contato com sua advogada, e encerre o processo.

Seu advogado sabe que é tudo clandestino? Quer que eu explique para ele como você obteve esse negócio? Você quer que eu ligue para o seu advogado e explique que você não tinha direito de comercializar aquilo? Porque você sabe que não tinha. Eu, você e a Mara sabemos”, argumentou Schwartzmann, em outro trecho divulgado pelo ‘GE‘.

A ligação que teve os áudios vazados foi gravada pouco antes da série de shows que ocorreram no Morumbis entre setembro e novembro, e que forçaram o Tricolor a atuar várias vezes na Vila Belmiro durante a reta final do Campeonato Brasileiro.

Na conversa, Schwartzmann inclusive alerta para um possível fim da relação para o uso do camarote e para as vendas de ingressos, já que a empresária estaria “prejudicando todo mundo”.

“O que eu falei é que nós fizemos um negócio fora do padrão para te ajudar, ajudar a Mara (Casares) e a mim. É a única verdade desta história. E agora o que você está fazendo? Prejudicando todo mundo”, acusou.

“Eu não falei nada, ao contrário. A gente estava tentando resolver, porque tem cinco ou seis shows em novembro, se não me engano, e em agosto”, complementou.

Em seu Estatuto Social, o São Paulo prevê punições para associados do clube que cometerem infrações.

De acordo com o artigo 34, as penalidades possíveis são: advertência, suspensão, indenização, perda de mandato, inelegibilidade temporária e eliminação do quadro social.

O item Q do artigo 10 do Regimento Interno do clube ainda diz que “causar dano à imagem do São Paulo, em qualquer condição ou no exercício de qualquer cargo pertencente aos poderes” do clube é passível de suspensão de 90 a 270 dias. A penalidade pode aumentar em um terço se o associado ocupar um cargo na agremiação.

Após a manifestação oficial do clube, Mara se pronunciou através de um grupo de conselheiros, onde divulgou um texto se explicando. Confira a íntegra abaixo:

“Prezados, com muita dor e tristeza venho aqui abrir meu coração,

Fui surpreendida por uma matéria que acabou se tornando o centro de atenções a partir de conversas distorcidas, retiradas de seu contexto real, relacionadas a um áudio vazado de forma mal-intencionada e com claro viés de inviabilização política.

Ao longo de todos esses anos, sempre busquei me capacitar e agir com responsabilidade para honrar, com amor e dedicação, o trabalho voluntário que realizo em prol do clube. Na ocasião mencionada, minha manifestação teve como único objetivo defender a Instituição, que estava sendo injustamente arrolada em um processo do qual não fazia parte, já que se tratava de uma relação estritamente comercial entre terceiros, sem qualquer envolvimento do clube.

Infelizmente, em meio a disputas políticas, alguns limites têm sido ultrapassados. Narrativas falsas estão sendo criadas, conversas privadas estão sendo expostas e, de maneira profundamente injusta, meu nome vem sendo associado a situações que não correspondem à realidade dos fatos.

É doloroso constatar até onde pode chegar a tentativa de descredibilizar e manchar a reputação de alguém para atender a interesses pessoais. Uma conversa isolada, em um momento de debate mais acalorado, não pode nem deve ser tratada como verdade absoluta ou receber interpretações distorcidas e descontextualizadas.

Sempre pautei minha conduta pelo respeito, pela verdade e pela dignidade, e não aceitarei que inverdades sejam usadas como instrumento de ataque. Tenho a convicção de que a verdade sempre prevalece.

Sigo firme, com a consciência tranquila, confiando que aqueles que convivem comigo e me conhecem sabem quem eu sou. Jamais faria algo que pudesse prejudicar meus filhos, a quem devo amor, respeito e a preservação de sua idoneidade acima de tudo e desta gestão que sempre prezei pela lisura e não seria capaz de manchar tudo que construí com bases na verdade e no trabalho sério.

Minha atuação sempre foi guiada pelo compromisso com a Instituição, nunca por interesses pessoais.

Por isso, peço licença das minhas atividades que exerço voluntariamente no clube, neste momento, para ter a serenidade necessária a fim de esclarecer cada ponto com responsabilidade e transparência, certa de que não decepcionarei aqueles que confiam em mim.

Agradeço a todos.
Mara Casares

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