A novela da insatisfação da torcida do São Paulo com o seu departamento médico após os 71 casos de contusões registrados ao longo do ano ganhou um novo capítulo nesta sexta-feira (12).
O portal ‘UOL‘ revelou que gerou grande polêmica interna entre o corpo médico do Tricolor o fato do nutrólogo Eduardo Rauen, desde junho no futebol profissional, ter receitado a dois jogadores do elenco um medicamento chamado Mounjaro, vulgarmente chamada de ‘caneta emagrecedora’.
Remédio a base de tirzepatida é originalmente destinado ao tratamento de diabete tipo 2 e obesidade. E sua prescrição ocorreu, segundo o portal, sem o consentimento de outros profissionais do Reffis.
“Pessoas que estavam no clube antes da chegada do nutrólogo também dizem que a falta de integração e cadeia de comando envolvendo vários profissionais indicados por conselheiros diferentes dentro do clube foi um fator determinante na crise”, diz a reportagem do site.
“Não houve qualquer polêmica. O que existiu foram tratamentos médicos individualizados, indicados de forma pontual após avaliações clínicas criteriosas. Conforme descrito na bula, pacientes com IMC acima de 27,5 associados a comorbidades — no caso específico, lesões articulares — têm indicação formal para o uso do medicamento, sempre com acompanhamento médico, como foi realizado.”, disse Rauen, ao ‘UOL’.
“É importante ressaltar que houve apenas dois atletas com indicação para seguir nessa linha. Em ambos os casos, o uso foi feito de maneira estratégica, em uma janela terapêutica adequada, que permitiu monitoramento contínuo, avaliação de possíveis efeitos colaterais. Os dados mostram que os atletas conseguiram perder peso corporal, diminuir o percentual de gordura e melhorar a massa muscular, contrapondo inclusive essa narrativa de que essa conduta deveria ser avaliada”, completou.
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“Todo o processo ocorreu com acompanhamento diário, avaliações corporais e controle rigoroso da composição física — exatamente para evitar qualquer dano, seja à saúde, seja à reabilitação. Importante deixar claro: o medicamento não faz parte da lista de substâncias proibidas pela Wada (agência internacional antidopagem), portanto não existe qualquer irregularidade ou risco de infração. Trata-se de um procedimento médico legítimo, seguro, respaldado pela literatura e executado dentro das normas éticas e regulamentares. Não há margem para controvérsias, distorções ou interpretações diferentes”, apontou.
“Trata-se de um procedimento médico legítimo, seguro, respaldado pela literatura e executado dentro das normas éticas e regulamentares. O paciente, em conjunto com seu médico, pode optar por comprar o produto diretamente em farmácias brasileiras ou realizar importação regular, permitida pela Anvisa mediante prescrição. O que importa — e sempre orientamos — é que o medicamento seja autêntico”, completou.
Na semana passada, o São Paulo reagiu a essa crise sem fim no departamento médico com um pacote de demissões e mudanças para 2026. Esse corte atingiu, majoritariamente, profissionais com anos de casa.
“A minha visão sempre foi — e continua sendo — baseada em ciência. É exatamente por isso que o TecFut existe. Hoje sabemos, com ampla validação científica, que atletas com melhor composição corporal apresentam desempenho superior e menor índice de lesões. Não é opinião: é evidência. É por isso que defendemos a necessidade de uma reeducação nutricional”, completou o nutrólogo.
Segundo ele, os procedimentos utilizados no profissional são os mesmos que ele havia adotado nas categorias de base, onde o TecFut foi implantado antes e teve resultados considerados satisfatórios.
“Implementamos estratégias para otimizar a composição corporal por meio de ajustes nutricionais, suplementação direcionada e análise metabólica completa. Isso permite individualizar treinos, corrigir pontos específicos e maximizar a performance de cada atleta. Os resultados foram claros: houve uma redução expressiva no número de lesões dos atletas da base em comparação com anos anteriores, com índice nunca abaixo de 90% de disponibilidade de atletas em todos os jogos. Com melhor alimentação e consequente evolução na composição corporal, vimos diminuição de cãibras, menos lesões musculares e aumento da intensidade sustentada durante o segundo tempo das partidas. Esse cenário das categorias de base se refletiu diretamente nos bons resultados em campo. Mas nada disso seria possível sem a integração entre TecFut, fisioterapia, departamento médico, fisiologia e preparação física. Em Cotia, essa colaboração foi exemplar — e foi justamente essa integração eficiente que abriu caminho para a chegada do TecFut à Barra Funda”, disse.
O TecFut é uma das bandeiras da gestão Julio Casares, que usualmente nos últimos cinco anos convidou jornalistas a irem conhecer pessoalmente o maquinário e as instalações em Cotia. Neste ano, o grande número de contusões acabou ofuscando a sua implementação na Barra Funda.
“Além disso, é importante deixar claro que não concordo com a premissa de que a nossa abordagem deva ser estudada como possível causa das lesões. Entrei no clube durante a última temporada, e os problemas relacionados às lesões já vinham ocorrendo muito antes da minha chegada. Ou seja, não existe relação lógica ou temporal que conecte o trabalho do TecFut ao quadro de lesões pré-existentes. Nossa atuação é pautada em ciência, individualização e integração com as demais áreas, com foco em melhorar a saúde, fortalecer o atleta e reduzir o risco de lesões, exatamente como foi evidenciado em Cotia no último ano. Quero deixar absolutamente claro que o meu foco — e o foco de toda a minha equipe — é entregar o melhor para o São Paulo. A torcida sabe que o time precisa evoluir, sabe que algumas mudanças são necessárias e que o clube precisa de suporte em várias áreas. Eu estou aqui justamente para ajudar nesse processo, para somar conhecimento, ciência e dedicação. Nada além disso. Meu compromisso é com o atleta, com a saúde, com o desempenho e, acima de tudo, com o São Paulo”, destacou.
