Como não poderia deixar de ser, o assunto principal da entrevista coletiva de Hernán Crespo após a derrota do São Paulo para o Palmeiras no clássico deste domingo (5), no Morumbi, pelo Campeonato Brasileiro, foi a arbitragem do catarinense, Ramon Abatti Abel, que prejudicou o Tricolor em pelo menos dois lances no jogo.
Em tom bastante crítico, fugindo à regra de sua habitual serenidade ao responder perguntas, mesmo em momentos mais, digamos, críticos, Crespo, mandou o papo reto e não se furtou a atacar aquilo que considerou “o maior escândalo vivido em sua carreira”.
“Pessoalmente, nunca vivi algo igual de escandaloso como hoje. Tenho 50 anos, 32 anos de futebol, como jogador e treinador. Nunca vi nada igual, nunca vi nada tão evidente. Tenho o maior respeito pelo Palmeiras, pelos jogadores, pelo treinador, pela história, o melhor treinador deste ciclo do Palmeiras e talvez da história, nada contra o Palmeiras. Me pereceu escandaloso, nunca vi nada igual”, disse.
“Podemos melhorar coisas, sim, como sempre. Podemos melhorar algumas jogadas, marcar melhor, sim, não tenho dúvidas, faz parte do trabalho. Mas o que vivi hoje foi escandaloso, não posso crer. Foi tão evidente, tão grande, que não posso crer o que passou”, completou.
Crespo condicionou a análise da partida aos erros de arbitragem que, segundo ele, impedem qualquer avaliação sobre o desempenho esportivo do São Paulo.
“Sabemos as dificuldades que temos como equipe, nossas virtudes e limites. Sabemos as realidades de Palmeiras e São Paulo, pode passar, que não poderíamos sustentar de alguma maneira, mas muito difícil analisar o que passou, era tudo muito claro. A partida estava direta para ser, talvez, algo histórico. A superioridade do primeiro tempo foi impressionante, depois seguimos no segundo”, disse.
“Mudou, eles fizeram algumas mudanças, tiveram qualidade, as mudanças deles entraram melhores, tem o entusiasmo que ajuda ou prejudica. E isso condiciona jogo. Então, sim, podemos marcar melhor em algumas jogadas, sim, poderíamos finalizar, sim, também. Mas muito difícil depois de tudo o que passou, analisar tranquilamente isso numa entrevista. Agora, pedir uma análise? Estou louco ou vimos a mesma partida? Senão parece que estou louco. Num nível tão alto, onde pequenos erros…. Mas estamos falando de enormes, que condicionou tudo”, apontou o argentino.
A derrota deixou o São Paulo estacionado com 38 pontos na oitava colocação. O Tricolor agora fica dez dias sem compromissos em virtuda da Data Fifa e volta a entrar em campo apenas em 16 de outubro (quinta-feira), contra o Grêmio, em Porto Alegre, pela 28ª rodada do Campeonato Brasileiro. E Crespo elogiou a postura da equipe, querendo que o desempenho desse domingo seja repetido.
“Orgulho, que tenho orgulho do grupo, mais do que resultado. Pelo o que mostrou, como enfrentou um gigante como o Palmeiras, nossa postura foi espetacular. Depois podemos analisar como chegamos ao gol, o que melhorar. Um rival de categoria. Mas muito orgulho, há coisas que não se pode controlar. O que se pode, fizemos muito bem. Mas emocionalmente, não sei se melhorar, não sei se é a palavra… Menos mal que não expulsaram ninguém, era para ser um desastre, mas mantiveram a calma. O que se passou não tem nome. Não volta (…) Me parece uma barbaridade, um escândalo o que se passou”, disse.
“Confio plenamente nos jogadores. Temos nossos limites, mas temos coisas muito boas também, nem tudo é positivo, nem tudo é negativo. Sabendo nossas virtudes e defeitos, a equipe mostrou que pode jogar em altíssimo nível. Hoje foi uma demonstração claríssima de como o São Paulo pode jogar em altíssimo nível”, concluiu.