RUI COSTA ABRE O JOGO: Diretor do São Paulo fala sobre reforços, vendas, lesões e os futuros de Oscar, Lucas e Crespo

Dirigente do Tricolor falou sobre diversos temas na Barra Funda (Foto: Divulgação)

Rui Costa, diretor-executivo de futebol do São Paulo, deu longa entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira (19) no CT da Barra Funda, onde respondeu diversas indagações da imprensa.

O dirigente abordou os temas das frequentes lesões no clube, como anda o planejamento para a temporada de 2026, se permanece ou não no Tricolor após a proposta do Grêmio, Oscar, Lucas, Crespo e muito mais.

Confira os principais temas da entrevista:

Lesões em profusão:
“Evidentemente que desfalque numa modalidade competitiva, sobretudo no futebol, sempre deve ser evitado, porque soma uma dificuldade contundente naquilo que já é complicado, como disputar uma reta final de campeonato. Mas temos de fazer uma profunda distinção na origem destes desfalques”.

“Tivemos ao longo desse ano uma série de desfalques de lesão que não são inerentes à intervenção médica. Os três artilheiros. Calleri, um artilheiro que dispensa comentários, o André, que vinha se tornando um fazedor de gols, e o Ryan, que é o jogador mais destacado na história recente”.

“E por que eles não conseguiram jogar? Por que tiveram lesão muscular, algum tipo de excesso de carga? Não. Porque tiveram ligamentos rompidos. Então, ter 12 desfalques é preocupante? Sim. Mas nestes desfalques temos situações de saúde. O Luiz, que não é um desfalque hoje, mas foi um desfalque muito importante, porque é uma liderança muito significativa. E ele teve um problema de saúde que não tem uma relação direta com atividade profissional”.

“Claro que Lucas, Marcos Antônio, são jogadores que estão vivendo esse momento de ter que parar um pouco em função de algumas situações físicas. Os desfalques nos preocupam, mas mais do que se preocupar temos de ter muita clareza da origem deles, porque se não podemos cometer algumas injustiças. Temos equipes focadas preponderantemente na prevenção, que é o que de mais moderno tem no futebol”.

O planejamento para 2026:
“Sempre estamos pensando seis meses no mínimo antes, porque é o que se tem de estratégia diante da nossa incapacidade de competir financeiramente com outros clubes. Desde 2021, fizemos um diagnóstico do elenco e começamos a mudar o perfil daquele elenco. E sempre fazemos com um semestre de antecedência”.

“Acho que dizer hoje que erramos, e futebol é erro e acerto, especialmente quando atuamos neste contexto de riscos maiores, não podemos esquecer… Peço licença para voltar no passado recente. Para falar do perfil de atleta que trouxemos até formar o time hoje, completamente ligado às causas do clube e tem um compromisso de levar o São Paulo às melhores posições possíveis e que tem clara noção de pertencimento do que é estar no São Paulo”.

“Mas isso leva um tempo. Ter jogadores caros ou baratos é muito relativo. O Rafael é caro ou barato? O Rafinha foi caro ou barato? O Marcos Antônio é caro ou barato? Nós fizemos ao longo desses anos um processo muito estruturado a partir de conceitos claros e de estratégias claras. Ser criativo e assertivo nas contratações”.

“Quando pudemos investir, fomos muito capazes de ter sucesso do que insucesso. Quando fomos criativos e trouxemos jogadores livres no mercado, sinto que fomos mais assertivos. E é o que deve acontecer no próximo ano. Falar de planejamento seria extremamente inadequado para quem tem ainda tanta coisa para discutir como temos dentro de campo. Estamos buscando o que de melhor pode oferecer o Campeonato. E para isso temos de ter os atletas tranquilos e confiantes de que estão integrados neste projeto, que persistirá até o jogo contra o Vitória”.

“Os profissionais que aqui estão têm que se adaptar à realidade do clube. E ser competitivo para buscar conquistas. O São Paulo exige conquistas. Todas as variáveis foram feitas, já fizemos várias reuniões analisando isso, com todos aqui no CT. Presidente, Belmonte, eu, Muricy, Nelson Chapecó… Agora mais recentemente com a presença do Márcio. Agora, estamos focados em fazer o melhor para o São Paulo na próxima temporada”.

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Teve proposta, mas vai ficar:
“Esse contato (do Grêmio) existiu. É conhecido pelo Belmonte, pelo presidente. Inclusive os detalhes desta conversa, porque entendi que era importante dizer isso a eles. Obviamente, tenho uma relação com este clube. Mas estou no São Paulo Futebol Clube há cinco anos. E tendo de parte dos diretores uma noção de um acolhimento que vai muito além do meu contrato”.

“Eu fui acolhido e recebido aqui como se fosse são-paulino desde o início. E hoje o São Paulo já é o clube onde mais permaneci, tenho mais longevidade. E pretendo que ela me leve a estar aqui numa conquista de Libertadores, de Brasileiro, quiçá uma Copa do Brasil de novo, que foi inédita. Tenho muito carinho e respeito com esse clube e pretendo cumprir meu contrato e ficar aqui muito tempo”.

Situações de Galoppo, Enzo e Tapia:
“Obviamente hoje essa relação com o River Plate é muito importante para nós, porque ela foi criativa e assertiva. Trouxemos o Enzo Diaz, que se não me falhe a memória tem quase 54 partidas pelo São Paulo, e que permanecerá no São Paulo, porque cumpriu as metas. Temos o Tapia, que chegou sob desconfiança e tem sido extremamente útil para nós aqui. Incorporou o espírito de jogar no São Paulo, assim como o Enzo”.

“E o Galoppo, que tem sido recorrentemente utilizado, mas não para efetivar a cláusula de compra obrigatória. Em que pé estamos? Todos nós aqui rotineiramente analisamos este cenário com o River, temos falado com o River, e estamos tentando fazer uma composição que atenda a todos os interesses. A permanência do Tapia aqui, a permanência do Enzo, que já está consolidada, e a venda do Galoppo para o River. Isso que estamos discutindo. Acredito que vamos ter alguma concretização nos próximos dias”.

Oscar:
“Eu aprendi aqui na Barra Funda, com os diretores que me trouxeram, a fazer uma gestão muito focada na questão humana. E nós vivenciamos aqui situações muito dramáticas de muitos atletas. Algumas conhecidas e outras nem tanto. E outras notórias, vide o próprio Alisson. E em todos estes momentos o que sempre prevaleceu aqui foi em que momento eu poderia cuidar do ser humano e como eu poderia fazer com que esse processo de humanização fosse exaurido antes de entrar num processo de contrato, gastos, investimento”.

“E com o Oscar não será diferente. A nossa preocupação é como ele voltará a ser um bom pai, estar saudável para ser um pai de família, o filho, o irmão. E a partir daí, quando ele estiver plenamente recuperado, não tenha dúvida que vamos tratar das questões de performance, de contrato, porque é um grande investimento do clube”.

“Acreditamos que a contratação do Oscar foi completamente correta. O Oscar, assim como todo atleta, se submete a jogos, treinos… Ele é um jogador extremamente importante para nós. Ele não sofreu lesões normais no futebol. Ele teve uma fratura de três vértebras. E depois todos os processos e problemas que vocês conhecem. Tenho absoluta convicção de que se tivesse tido uma regularidade, sem problemas tão significativos, ele continuaria sendo um jogador diferenciado como ele é. E por isso nós os trouxemos”.

Vendas dos atletas de Cotia:
“O clube sobrevive da venda de atletas e das receitas de TV. Não tem outra equação. Não é o São Paulo. E o São Paulo especificamente neste tema de venda de atletas, historicamente é um clube que sobrevive da venda de seus destaques. Portanto, isso não deve mudar”.

“Eu até expliquei num outro espaço que a venda de um atleta é multifatorial. Ele depende do mercado, depende de uma análise que fazemos todos os dias e vocês não têm acesso. O São Paulo tem um processo de transição de atletas jovens que é bastante profissional. Os atletas têm quantidade de treino observado”.

“Ali já começa a perceber perfil, como se relacionam num momento de adversidade. Como se relacionam com atletas mais velhos, com os treinos de alto nível. Quando chega no momento em que ele joga, e o Beraldo foi isso, porque ficou quase um ano aqui sem ser relacionado… Quando jogou estava pronto e foi protagonista”.

“Às vezes os atletas são vendidos de uma forma mais rápida, porque se exige financeiramente ou você tem um diagnóstico de que aquele é o momento de vender. Não existe regra para isso. No mundo ideal, queríamos ter todos os bons jogadores aqui. Talvez se tivesse o Sara aqui hoje seria uma belíssima contratação, mas precisamos vender o Sara, como precisamos vender vários atletas nestes cinco anos, que é o que me cabe avaliar aqui”.

“Certamente na medida que o clube for buscando novos caminhos, fazer vendas mais altas, mais significativas, talvez não precisemos vender tantos atletas. Mas não diria que houve erro nosso neste processo. Eu acredito que seja uma questão circunstancial e de contexto, que o clube tem que atender suas demandas, e para isso às vezes tem que cortar na própria carne”.

Crespo fica?
“O Crespo tem contrato conosco até o fim de 2026. Participa de todos os processos internos conosco, ele é ouvido, consultado, a gente divide as coisas com ele. Ele tem uma prática de sempre terminar o treinamento… O Muricy fica ali no banco, o Belmonte, o presidente, eu, o Nelson. E os treinadores normalmente vêm ali fazer aquela conversa que é a mais importante do dia, porque ele abre o coração, fala das suas preocupações. Isso fizemos com todos os treinadores que aqui estiveram, por isso mantivemos uma boa relação”.

“E o Crespo faz parte disso. Quando ele dá uma opinião que é muito dele, no sentido de se preocupar com o futuro. Obviamente ele estava falando isso da ótima da exigência que é feita a ele. Mas nós observamos ele muito comprometido com o futuro, com o ano de 2026. Acredito que algumas manifestações dele são muito no calor do jogo, isso afeta o ser humano. Mas eu vejo o Crespo muito integrado no nosso processo de planejamento de 2026”.

Negociar os mais velhos?
“Eu estaria, se eu respondesse, relativizando o que acabei de dizer, que não podemos falar de nomes nem de estratégias. Falamos de conceitos. Você citou o Luiz Gustavo, extremamente importante para nós aqui. Sobre ele eu posso falar um pouco, porque a permanência dele passou muito pela qualidade técnica e humana, porque é um líder. Ele acrescentou muito de uma autocrítica ao nosso elenco”.

“Ele cobra muitos os companheiros e estimula que os companheiros se cobrem. Mas toda vez que você estabelece uma relação de renovação com o atleta ou comunica, não estou falando do Luiz mais, você cria uma insatisfação ou um conflito de interesse. Porque eu te proponho algo e você me faz uma contraproposta”

“E não é o momento disso. Temos de focar nos jogos que faltam, somar a maior quantidade de pontos possíveis, e depois disso vamos procurar os procuradores dos atletas para traçar nossa estratégia, que já está pensada e avaliada. E o Luiz, para um cara que teve todos os problemas de saúde que teve, volta num jogo depois de uma viagem de quase quatro horas, é destaque… Falar sobre renovação agora seria uma falta de respeito a ele como ser humano, não como atleta. Temos muito claro o que temos de fazer, mas não podemos ter quebra de compromisso e confiança ou qualquer outra situação que tire eles do foco de levar o São Paulo ao lugar mais alto possível”.

Lucas mandou a real:
“O Lucas é um jogador extremamente importante para nós. Hoje até tivemos uma conversa interna, o que se falaria sobre o Lucas. Eu não preciso dizer o que o Lucas representa. O Lucas tão logo terminou o jogo do Bragantino e nos procurou para dizer que sentia muito menos do que sentia antes, mas que “não me sinto pleno”. “Eu não consigo fazer tudo aquilo que eu preciso fazer para fazer diferença no São Paulo”. E a partir daí isso foi relatado aos médicos, aos nossos profissionais, e ele, vocês já conheceram, está no boletim médico”.

“Esperamos que ele esteja plenamente recuperado a partir de janeiro. Não sei ainda, há um processo de critérios de avaliação até o fim da temporada. Mas contamos muito com ele para o ano que vem e acreditamos que possa ser um diferencial na nossa campanha”.

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