Um total de 41 conselheiros do São Paulo, todos ligados ou integrantes dos grupos de oposição à atual gestão, entregaram durante a tarde desta sexta-feira (28) um abaixo-assinado pedindo a renúncia do presidente Julio Casares.
Por ora, o movimento não chega a assustar o mandatário tricolor, já que o órgão conta com 260 integrantes. Ou seja, na prática, apenas um em cada seis conselheiros apoiam a saída de Casares.
Mas tudo indica que a lista pública de insatisfeitos deve aumentar consideravelmente até o início da próxima semana. E com nomes de peso.
Conforme o AVANTE MEU TRICOLOR apurou, alguns cardeais (nomes experientes e influentes na política são-paulina), além do grupo político de Carlos Belmonte, que pediu demissão do posto de diretor de futebol durante a manhã, devem endossar o movimento.
Basicamente, é a abertura pública da disputa política pela sucessão de Casares no fim do ano que vem. Sentindo o momento de fragilidade do presidente, a oposição se armou.
Sobre o documento (cuja íntegra do texto você pode conferir abaixo), o texto cita “gestão temerária”.
CONFIRA NA ÍNTEGRA A CARTA DE PEDIDO PELA RENÚNCIA DE CASARES:
A/C Presidente Júlio Cesar Casares,
Vimos publicamente, na qualidade de Conselheiros Deliberativos e no estrito cumprimento de nossas responsabilidades estatutárias, requerer que Vossa Excelência apresente renúncia imediata ao cargo de Presidente da Diretoria do São Paulo Futebol Clube.
A presente solicitação se fundamenta em sucessivos episódios que, ao longo de sua gestão, comprometeram gravemente a estabilidade institucional, financeira e esportiva da entidade. Os recorrentes déficits anuais, produzidos em grande parte pelo descontrole absoluto das despesas — especialmente no departamento de futebol — configuram, em diversas ocasiões, situações enquadráveis como gestão temerária nos termos do Artigo 25 da Lei n. 13.155 (Lei do Profut). Tal realidade foi objeto de alerta reiterado por vários dos conselheiros que subscrevem este documento. A consequência direta desses desequilíbrios foi o aumento exponencial do endividamento, levando o clube à beira de uma condição insustentável.
No campo esportivo, os resultados apresentados estão muito aquém do que se esperaria de um clube com a grandeza do São Paulo Futebol Clube, sobretudo diante dos vultosos investimentos realizados. A discrepância entre gastos e desempenho foi refletida na quase ausência de conquistas relevantes e em campanhas incompatíveis com nossa história, além de ter exposto de maneira incontornável a incapacidade de planejamento e execução da atual gestão. A sucessão de equívocos, somada à incapacidade de construir um projeto coerente, tornou-se fator central do declínio competitivo que hoje testemunhamos.
Paralelamente, a condução política da instituição sofreu retrocessos graves. As reiteradas tentativas de promover mudanças estatutárias com nítido propósito casuísta de centralização de poder e a perseguição sistematizada de conselheiros e associados que expressam posições divergentes ferem princípios essenciais de governança, pluralidade e transparência. Tais práticas não apenas enfraquecem a estrutura democrática do clube, como destroem a confiança interna e afastam vozes indispensáveis à tomada de decisões equilibradas.
Por fim, a gota d’água: a intenção de negociar Cotia em condições tão desvantajosas que nem sequer houve disposição para levar o tema ao Conselho Deliberativo, mesmo após ele ser aprovado pelo Conselho de Administração. Soma-se a isso a goleada humilhante sofrida ontem, encerrando mais uma temporada sem troféus, em que a única meta restante é buscar uma vaga na Libertadores pela porta dos fundos.
Diante deste conjunto de fatores, resta evidente que a continuidade de Vossa Excelência no cargo se tornou incompatível com os melhores interesses do São Paulo Futebol Clube. Por essas razões, solicitamos formalmente a renúncia imediata, de modo a permitir que o clube inicie, com urgência, um processo de reconstrução.
São Paulo, 28 de novembro de 2025










