Em abril, foram nomeados cinco conselheiros para o comitê responsável por avaliar o impacto do déficit histórico registrado pelo São Paulo em 2024. A expectativa inicial era de que, sendo todos os cinco integrantes da situação, o relatório resultante tivesse caráter moderado, minimizando a gravidade do problema, mas o documento produzido foi crítico, apontando falhas de forma clara, ainda que com algumas concessões menores. Foi, no conjunto, uma avaliação correta da delicada situação financeira do clube no primeiro semestre deste ano.
O relatório jamais foi publicado oficialmente. Talvez justamente por esse teor mais duro, ele permaneceu guardado até que, no mês passado, o portal ‘Globo Esporte‘ teve acesso ao seu conteúdo.
Na quarta-feira (1), porém, o conselheiro Dáurio Speranzini Júnior, apontado como o principal responsável pelo texto, foi destituído da comissão, por decisão do presidente do Conselho Deliberativo, Olten Ayres de Abreu Júnior.
Não foi divulgada justificativa, nem mesmo dentro do clube, mas fontes consultadas pelo AVANTE MEU TRICOLOR e pelo parceiro ANOTAÇÕES TRICOLORES (conheça mais do trabalho clicando aqui) acreditam que pesaram tanto o tom do relatório quanto a resistência de Speranzini ao fundo de investimento em participações (FIP) que o presidente Júlio Casares pretende criar em Cotia.
A relação entre ambos já não parecia boa. Apesar de fazerem parte do mesmo grupo político, divergências se acumulavam, e relatos indicam que chegaram a ter ao menos uma discussão mais acalorada.
O afastamento de Speranzini parecia confirmar um movimento previsível: o da falta de transparência, prática recorrente na condução administrativa do São Paulo. Mas a história ganhou um rumo inesperado. Para surpresa geral, foi anunciado que Flavio Marques ocupará a vaga aberta no comitê.
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Ele é uma das vozes que têm sido mais visíveis na oposição ao atual presidente, com sólida experiência em finanças e, sobretudo, uma postura pública rara no ambiente fechado do Conselho: em seu site, publica análises periódicas sobre a situação do clube, ainda que limitadas pelas amarras estatutárias que restringem o que pode ser revelado. Dentro dos muros do Morumbi, essa é uma postura quase subversiva: dar satisfações diretas à torcida.
É, portanto, uma escolha que contraria o padrão da atual gestão, e, por isso, chama a atenção.
Marques tem histórico de seriedade e clareza, características que o tornam uma peça de peso para um órgão que, ainda que sem poder decisório, pode sugerir caminhos e apontar riscos.
Se a ideia era substituir uma voz crítica por outra mais maleável, o efeito foi o oposto: a comissão ganhou alguém que dificilmente se omitirá diante de erros ou práticas questionáveis.
Não há como prever se essa nomeação trará resultados concretos, mas é um gesto que merece ser registrado por sua singularidade.
No São Paulo de hoje, em que prevalecem manobras de bastidor e decisões pouco explicadas, dar espaço a uma figura de oposição, respeitada pela competência técnica e pela prestação de contas, é um raro sopro de transparência. Que não seja um ponto isolado, mas, sim, o início de um movimento que ponha o clube no rumo da responsabilidade e da reconstrução.