Pouco depois de eliminar o São Paulo da Copa Libertadores com uma vitória em pleno Morumbi, na última quinta-feira (25), a LDU resolveu usar as redes sociais para uma provocação. O clube equatoriano publicou uma foto do gramado, no estádio já vazio, com o placar ao fundo, e a legenda: “Definitivamente, el Morumbi, si, te mata” (em tradução livre: “Definitivamente, o Morumbi te mata, sim”).
O alvo era claro: o rival derrotado. Mas quem se manifestou com indignação foi o Nacional de Montevidéu.
Em nota, o clube uruguaio escreveu: “Mensagens desse nível tocam em um tema muito doloroso, tanto para nossa instituição, como para o São Paulo, o futebol sul-americano e o mundo. Elas atentam contra o trabalho conjunto que todos os clubes realizamos pela erradicação da violência em nosso esporte.”
O motivo está na morte do zagueiro Juan Izquierdo, ocorrida no ano passado, dias depois de passar mal durante uma partida no Morumbi contra o Tricolor, também pela Libertadores.
A LDU apagou a postagem, mas a polêmica já estava instalada. E, aí, cabem algumas ponderações.
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A reação uruguaia, compreensível pelo contexto doloroso, pareceu exagerada. A postagem dos equatorianos era uma resposta direta a um bordão do próprio futebol: “El Morumbi te mata”, expressão repetida por torcedores do São Paulo antes de jogos em casa pela Libertadores.
O curioso é que o clube em si nunca adotou esse bordão como marca. Só recorreu a ele por duas vezes, ambas em 2016, a última delas após vitória contra o River Plate na Libertadores.
E a ironia maior é que a frase tem uma origem distorcida. Ela surgiu em 2005, num fórum de torcedores do River Plate, antes da semifinal contra o São Paulo. O autor escreveu: “No sé si defiende mejor, pero en el Morumbi te mata” (em tradução livre: “Não sei se ele se defende melhor, mas no Morumbi ele te mata”). A ideia era de que o São Paulo definia os jogos em casa “matando” o adversário, e não que o estádio em si fosse “mortal”, mesmo metaforicamente.
O fórum saiu do ar faz muito tempo, o que contribuiu para que a frase se cristalizasse numa versão abreviada diferente da original, e, hoje, quase todo mundo a repete sem fazer ideia do que o autor quis dizer, ainda que o significado real não seja tão distante do popularizado. Foi essa versão, carregada de simbolismo, que a LDU usou.
O São Paulo, por sua vez, preferiu o silêncio. E não tinha mesmo muito espaço para indignação: nos últimos anos, o clube tem recorrido às próprias redes para cutucar adversários quando vence.
O ponto é simples: se o São Paulo gosta de provocar quando ganha, precisa suportar quando perde. E não faria sentido reagir só agora, como se o bordão fosse aceitável até a eliminação para a LDU. Afinal, nas semanas anteriores, foram os próprios torcedores tricolores que recorreram a “El Morumbi te mata” como argumento de fé na virada em casa, mesmo depois da derrota no Equador.