Adiamento de votação de novo patrocínio no Conselho expõe mais um racha em base aliada. E Casares sofre nova derrota

Casares sofreu mas uma derrota interna no Tricolor (Ricardo Moreira/Getty Images)

O São Paulo retirou da pauta da reunião desta segunda-feira (17) do Conselho Deliberativo a votação do contrato de patrocínio com o Magnum Bank, que levaria a marca do banco digital às mangas das camisas de jogo e treino.

Curiosamente, o pedido partiu do presidente Júlio Casares, após suposta recomendação de Leonardo Serafim, identificado como consultor jurídico da presidência, que apontou a necessidade de uma análise mais profunda antes de submeter o acordo aos conselheiros.

O contrato foi firmado no mês passado e prevê R$ 3,6 milhões anuais fixos ao clube, com possibilidade de incremento por participação nas receitas bancárias. O vínculo, se aprovado, seria válido até 2031.

Internamente, porém, o AVANTE MEU TRICOLOR apurou que a própria base política de Casares já indicava desconforto com a proposta e se preparava para se posicionar contra o projeto na votação.

Trata-se de mais uma derrota de Casares no Conselho, terreno onde há bem pouco tempo atrás ele podia se gabar de ter domínio absoluto. Por falta de apoio do órgão, por exemplo, o mandatário são-paulino decidiu arquivar o projeto de FIP (Fundo de Investimentos e Participações) que abriria as categorias de base para investimento externo.

Também, claro, trata-se de um reflexo claro da guerra interna que se tornou o debate sobre a sucessão de Casares e a falta de um nome claro aclamado entre os aliados para concorrer às eleições no final do ano que vem.

A principal preocupação jurídica teria relação com mudanças que o Banco Central prepara para instituições financeiras. Em documento datado do último dia 9, Serafim apontou a “necessidade de sobrestamento da contratação de parceria com a Magnum” e classificou como “medida prudente e estratégica” aguardar a regulamentação.

De acordo com ele, desenvolver um projeto sem clareza das novas exigências poderia “expor a iniciativa a riscos regulatórios, multas e até mesmo à necessidade de readequações substanciais que podem comprometer sua viabilidade”.

Internamente, há outras questões. Conselheiros ficaram incomodados com o currículo de Roberto Graziano, o homem forte da Magnum. Ele é conhecido por outras conexões no mundo do futebol. Seu nome foi citado em investigação da Polícia Civil de São Paulo sobre a corrupção no rival Corinthians. Segundo nota da Secretaria de Estado da Segurança Pública, a 3ª DPPC (Delegacia do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania) identificou o empresário como um dos maiores financiadores de campanha de Augusto Melo, afastado presidente do time da zona leste.

O entendimento dos conselheiros é que primeiro precisa se entender melhor o histórico da Magnum e as movimentações do seu principal executivo. A diretoria, por sua vez, justifica o recuo dizendo que o clube precisa de mais tempo para analisar o contrato e a própria instituição financeira.

Graziano marcou presença recente em evento oficial do São Paulo: o lançamento de um relógio comemorativo aos vinte anos do tricampeonato mundial de 2005. A iniciativa foi desenvolvida com a Magnum Relógios, também vinculada ao empresário, o que reforça a intenção de aproximar suas marcas do clube.

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OS DETALHES

O contrato de patrocínio do São Paulo com o Magnum Bank renderá R$ 3,6 milhões anuais pelo espaço das mangas das camisas de treino e de jogo, mas haverá ainda uma receita adicional variável, com base em serviços oferecidos pelo banco.

O valor será calculado com base em percentuais de alguns serviços oferecidos, com outros gerando um valor fixo.

O clube parece estimar o total anual dessa receita em cerca de R$ 10 milhões, com base no que o portal ‘R7‘ publicou, embora tenha tratado a quantia como garantida.

Em quase todos os casos, o Tricolor terá direito apenas ao que seus torcedores consumirem na plataforma do banco, incluindo transações de cartões de crédito e de débito personalizados do clube.

A única exceção é a comissão de 1% que será gerada sobre vendas que o clube originar para as plataformas digitais do Magnum, “que conectam vendedores e compradores, permitindo a comercialização de produtos e serviços”.

O contrato não informa como será calculado esse volume. Há ainda um item que traz um valor aproximado (de R$ 2,90), a ser pago aos cofres são-paulinos para cada emissão de cartão de crédito personalizado, que é tratado como “Torcedor Anjo” ou “Torcedor Santo Paulo”.

Aqui, porém, existe a ressalva de que, para a incorporação da receita, o São Paulo precisará oferecer alguns benefícios aos correntistas, que ainda não foram definidos.

O CONTRATO

Quase dois anos depois de o espaço ficar vazio, o São Paulo voltará a ter um patrocinador na manga de sua camisa. Por meio de sua marca Magnum Bank, a Magnum Sociedade de Crédito Direto ocupará a propriedade, tanto nos uniformes de jogo como de treino, como já havia adiantado o AVANTE MEU TRICOLOR.

Por esse direito, a marca pagará R$ 3,6 milhões ao Tricolor anualmente até dezembro de 2031. O valor será pago em parcelas de R$ 300 mil mensais, que serão corrigidas pelo IPCA uma vez por ano.

Além disso, o São Paulo se comprometeu a fazer seus melhores esforços para que portadores do cartão de crédito do Magnum Bank recebam descontos ao comprar camisas oficiais nas lojas SAO e tenham ações especiais em jogos com mando são-paulino, numa iniciativa que parece similar à de quando o Banco Inter foi o patrocinador máster da equipe, entre janeiro de 2017 e fevereiro de 2021.

Depois, entre março de 2023 e abril de 2024, o clube chegou a ter o SPFC Bank, em parceria com a Logbank, projeto que naufragou diante de descaso, que levou a uma adesão ínfima de clientes: apenas três mil na última parcial divulgada.

O Magnum Bank faz parte do mesmo grupo do fabricante de relógios Magnum, que nesta quinta-feira (13) lançou um relógio comemorativo dos vinte anos da conquista do tricampeonato mundial pelo Tricolor. No ano passado, a empresa chegou a negociar uma parceria com o clube, mas, como apurou o AVANTE MEU TRICOLOR, um desacordo em valores e uma mudança de planos nas estratégias de marketing teriam feito com que as conversas não fossem para frente naquele momento.

Conhecido pela fábrica de relógios que capitaneou o grupo, a Magnum acabou lançando sua instituição financeira em dezembro de 2021. Exatos dois anos após comprarem a SAF do São Bernardo, time do ABC paulista que vem galgando degraus e luta pelo acesso à Série B do Campeonato Brasileiro.

Liderado pelo empresário Roberto Graziano, torcedor fervoroso do Guarani, a Magnum já foi patrocinadora de camisa do clube de Campinas (SP) e chegou a assumir a administração social do Bugre em 2014, mas a parceria foi desfeita no ano seguinte após o Conselho Deliberativo barrar a compra do estádio Brinco de Ouro.

Para permanecer no futebol, a Magnum acabou assumindo o São Bernardo.

QUANTO PAGAVA O ÚLTIMO ACORDO?

A última marca a ser exibida na manga da camisa foi da Bitso, que o fez entre janeiro de 2022 e novembro de 2023, num contrato que foi rescindido com treze meses de antecedência e pagava R$ 12,5 milhões por ano, quase quatro vezes mais que o novo acordo.

Outras duas propriedades do uniforme de jogo seguem vazias, embora há menos tempo: os ombros, desde a saída da Viva Sorte, em março, e a barra traseira, desde a rescisão com a Blue Saúde, em setembro.

Atualmente, o São Paulo arrecada anualmente aproximadamente R$ 100 milhões com patrocínios na sua camisa. Boa parte disso vem da Superbet, que em 2025 despendeu R$ 78 milhões ao clube. O contrato prevê reajuste em 2026.

* Com Alexandre Giesbrecht, do ANOTAÇÕES TRICOLORES

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