Foi na ponta dos cacos, mas Julio Casares conseguiu uma vitória em uma semana de péssimas notícias e aumento da pressão sobre sua gestão com os Escândalos do Camarote, onde dois diretores do governo, Douglas Schwartzmann, então responsável pelas categorias de base do clube, e Mara Casares, ex-mulher do mandatário e diretora cultural e de eventos, acabaram afastados por se envolverem em uma polêmica de repasse de um espaço no estádio tricolor para um show da cantora colombiana Shakira, em março.
Por 112 votos favoráveis e 107 contrários, Casares teve o seu planejamento orçamentário para 2026 aprovado pelo Conselheiro Deliberativo.
A votação apertada mostra por si só a perda de poder do presidente na política interna. Mas a manobra construída durante a semana, após o escândalo, deu resultado. Muitos ex-aliados do mandatário, que não queriam se posicionar publicamente contra Casares, acabaram influenciando no resultado. Ao todo foram quatro abstenções e 31 conselheiros ausentes da votação e que não participaram do processo.
O AVANTE MEU TRICOLOR apurou com conselheiros, da situação e oposição, que o resultado era esperado. Por mais que houvesse certo otimismo dos contrários a Casares em barrar o orçamento na noite desta quarta-feira (18), quando se iniciou a votação, nesta manhã o clima já era outro. Sabia-se de arranjos dos partidários do presidente em pelo menos esvaziar a votação para quem não pulou abertamente do barco.
Casares volta a obter uma vitória no órgão após uma série de derrotas políticas, sendo as mais contundentes a sequer pautação para votação dos projetos do FIP de Cotia e acordo com a Magnum para implantação do SPFC Bank, que certamente sairiam perdedoras.
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O ORÇAMENTO PARA 2026
A proposta orçamentária do São Paulo para 2026 revela que por mais um ano a gestão Julio Casares aposta na venda de jogadores da base ou profissional e receitas com o estádio do Morumbi, sejam de bilheterias ou shows, como pilares para terminar com o lucro.
Segundo os números ao que o AVANTE MEU TRICOLOR teve acesso, o plano da direção são-paulina é encerrar o ano que vem com superávit presumido de R$ 37,9 milhões, com receitas totais de R$ 931,8 milhões e despesas estimadas em R$ 893,8 milhões (veja os números detalhados abaixo).
O número pode ser encarado como modesto. O rival Palmeiras, por exemplo, estimou no seu planejamento orçamentário, aprovado na terça-feira (16), um lucro superior a R$ 2 bilhões.
Como se tornou rotina na gestão Casares, basicamente as receitas do clube se amparam em negociações de atletas e seu estádio.
O orçamento aponta R$ 121,9 milhões provenientes do estádio do Morumbi, englobando bilheteria, eventos e outras formas de exploração comercial.
O futebol profissional segue como o principal pilar financeiro do clube, com previsão de R$ 487,1 milhões em receitas. Dentro desse montante, R$ 180,6 milhões estão atrelados diretamente à negociação de atletas.
O orçamento ainda inclui R$ 525 mil em receitas de administração geral e R$ 4,2 milhões em receitas financeiras. O clube social tem previsão de arrecadar R$ 80,2 milhões, enquanto o marketing aparece como uma das principais fontes, com R$ 237,7 milhões estimados, impulsionados por patrocínios, publicidade e contratos comerciais.
Pelo lado das despesas, o clube projeta R$ 787,6 milhões em gastos operacionais em 2026. O maior volume está concentrado no futebol profissional, com previsão de despesas de R$ 542,2 milhões, que englobam salários, premiações, logística e custos operacionais do elenco principal. Já o futebol de base deve gastar R$ 58,9 milhões ao longo do ano.
A administração geral concentra R$ 15,2 milhões, enquanto a diretoria financeira e controladoria somam R$ 4,8 milhões. As diretorias jurídica e de compliance aparecem com R$ 7,2 milhões, e a diretoria administrativa, com R$ 12,1 milhões.
Outras áreas também têm peso significativo no orçamento. A diretoria de infraestrutura tem previsão de R$ 9,9 milhões em despesas, o estádio do Morumbi deve consumir R$ 32,7 milhões, e o clube social, R$ 71,2 milhões. Marketing aparece com R$ 26,9 milhões, e a diretoria de comunicação, com R$ 6,1 milhões.
Além das despesas operacionais, o São Paulo estima ainda R$ 106,2 milhões em despesas financeiras, relacionadas a juros, encargos e compromissos da dívida.
POLÊMICA
O clima esquentou na reunião do Conselho Deliberativo do São Paulo na noite desta quarta-feira (17). Um grupo de torcedores, provavelmente integrantes de torcidas organizadas, fez uma manifestação no portão de entrada para o salão nobre do Morumbi e chegou a tentar invadir o local, exigindo atuação dos seguranças do clube. A Polícia Militar foi acionada para ajudar a conter os manifestantes.
O encontro desta noite foi agendado para que os conselheiros votem o planejamento orçamentário são-paulino para 2026. Mas é evidente que eram esperados ecos do Escândalo do Camarote.
A reunião do Conselho era aguardada por manifestações do bloco unificado da oposição, que vem ganhando força com o desgaste da gestão Casares, e promessas de ‘trocas de lados’ de ex-aliados do presidente insatisfeitos com os recentes casos de corrupção denunciados pela imprensa.
Ademais, aproveitando o apoio da torcida em geral, os oposicionistas prometiam complicar bastante a aprovação das contas e metas para o ano que vem sugeridas pelo atual governo.
Outro assunto polêmico que seria levantado por Casares e os aliados na reunião são as mudanças estatutárias planejadas pelo grupo governista em reunião de controle de danos realizada na terça-feira (16). O presidente são-paulino que facilitar a aprovação da transformação do São Paulo em uma SAF, afrouxando a votação para isso, além de oficializar de vez a separação do futebol (profissional e base) do clube social.
A reunião desta noite tem apenas as lideranças do Conselho no clube. A participação e votação virtual dos integrantes foi liberada. Como reflexo do protesto, Abreu já comunicou os conselheiros que o encontro terá duração menor que a prevista, alegando motivos de segurança.












